Maputo, 29 jan
(Lusa) - Um grupo de membros da Frelimo, partido no poder em Moçambique,
contesta o processo de eleição em curso do candidato do partido às
presidenciais deste ano por alegadamente constituir uma "flagrante e
grosseira violação dos estatutos".
O Comité Central da
Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) vai escolher entre os dias 27 de
fevereiro e 02 de março o candidato do partido às eleições presidenciais de
novembro, que vão decorrer em simultâneo com as legislativas.
O processo está
envolto em polémica, uma vez que o secretário-geral do partido, Filipe Paúnde,
uma figura muito próxima do atual presidente da Frelimo e chefe de Estado,
Armando Guebuza, já disse que o Comité Central terá de eleger um candidato
entre os três já propostos ao órgão pela Comissão Política.
A Comissão Política
da Frelimo, presidida por Armando Guebuza, propôs os nomes do atual primeiro-ministro,
Alberto Vaquina, do ministro da Agricultura, José Pacheco, e do ministro da
Defesa, Filipe Nyusi, como pré-candidatos a candidato do partido às
presidenciais.
Na semana passada,
um dos líderes históricos da Frelimo, Sérgio Vieira, manifestou, em entrevista
ao semanário Savana, a sua discordância em relação à limitação da escolha do
candidato do partido às três figuras propostas pela Comissão Política,
defendendo que qualquer membro do partido poder candidatar-se a candidato às
presidenciais.
Em carta dirigida
ao Comité de Verificação do Comité Central da Frelimo, e divulgada em vários
órgãos de comunicação social, sem a identidade dos autores, membros da Frelimo
contestam o processo de eleição dos três pré-candidatos e acusam o
secretário-geral da Frelimo de "flagrante e violação grosseira dos
estatutos".
"Trata-se da
consumação da estratégia de colocar a carroça à frente dos bois. Não há dúvida
de que se está perante uma flagrante e grosseira violação dos estatutos",
lê-se no documento, citado pelos jornais O País e Canal de Moçambique.
O grupo acusa a
Comissão Política de ter desrespeitado o mandato que lhe foi conferido pelo
Comité Central de apresentar o perfil que o candidato do partido deve ter,
desconhecendo-se, por isso, dizem os subscritores da carta, os critérios que
nortearam a escolha dos três pré-candidatos já anunciados.
"É
prerrogativa do Comité Central aceitar as propostas que lhe são submetidas,
rejeitá-las ou considerar quaisquer outras", refere-se na carta.
Para os autores da
carta, ao promover a discussão dos três nomes pelos comités provinciais, a
Comissão Política pretende colocar o Comité Central do partido perante
"factos consumados, invocando um consenso comandado".
A tentativa da
Comissão Política de restringir a escolha do candidato da Frelimo a Alberto
Vaquina, José Pacheco e Filipe Nyusi, todos membros do Governo de Armando
Guebuza, é interpretada como uma ação do atual chefe de Estado de assegurar uma
transição que lhe seja favorável na Presidência da República. Armando Guebuza
já não pode concorrer a mais um mandato, uma vez que termina este ano os dois
mandatos consecutivos previstos na Constituição da República.
PMA // VM - Lusa
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