quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Moçambique: Membros da Frelimo contestam processo de eleição do candidato a PR

 


Maputo, 29 jan (Lusa) - Um grupo de membros da Frelimo, partido no poder em Moçambique, contesta o processo de eleição em curso do candidato do partido às presidenciais deste ano por alegadamente constituir uma "flagrante e grosseira violação dos estatutos".
 
O Comité Central da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) vai escolher entre os dias 27 de fevereiro e 02 de março o candidato do partido às eleições presidenciais de novembro, que vão decorrer em simultâneo com as legislativas.
 
O processo está envolto em polémica, uma vez que o secretário-geral do partido, Filipe Paúnde, uma figura muito próxima do atual presidente da Frelimo e chefe de Estado, Armando Guebuza, já disse que o Comité Central terá de eleger um candidato entre os três já propostos ao órgão pela Comissão Política.
 
A Comissão Política da Frelimo, presidida por Armando Guebuza, propôs os nomes do atual primeiro-ministro, Alberto Vaquina, do ministro da Agricultura, José Pacheco, e do ministro da Defesa, Filipe Nyusi, como pré-candidatos a candidato do partido às presidenciais.
 
Na semana passada, um dos líderes históricos da Frelimo, Sérgio Vieira, manifestou, em entrevista ao semanário Savana, a sua discordância em relação à limitação da escolha do candidato do partido às três figuras propostas pela Comissão Política, defendendo que qualquer membro do partido poder candidatar-se a candidato às presidenciais.
 
Em carta dirigida ao Comité de Verificação do Comité Central da Frelimo, e divulgada em vários órgãos de comunicação social, sem a identidade dos autores, membros da Frelimo contestam o processo de eleição dos três pré-candidatos e acusam o secretário-geral da Frelimo de "flagrante e violação grosseira dos estatutos".
 
"Trata-se da consumação da estratégia de colocar a carroça à frente dos bois. Não há dúvida de que se está perante uma flagrante e grosseira violação dos estatutos", lê-se no documento, citado pelos jornais O País e Canal de Moçambique.
 
O grupo acusa a Comissão Política de ter desrespeitado o mandato que lhe foi conferido pelo Comité Central de apresentar o perfil que o candidato do partido deve ter, desconhecendo-se, por isso, dizem os subscritores da carta, os critérios que nortearam a escolha dos três pré-candidatos já anunciados.
 
"É prerrogativa do Comité Central aceitar as propostas que lhe são submetidas, rejeitá-las ou considerar quaisquer outras", refere-se na carta.
 
Para os autores da carta, ao promover a discussão dos três nomes pelos comités provinciais, a Comissão Política pretende colocar o Comité Central do partido perante "factos consumados, invocando um consenso comandado".
 
A tentativa da Comissão Política de restringir a escolha do candidato da Frelimo a Alberto Vaquina, José Pacheco e Filipe Nyusi, todos membros do Governo de Armando Guebuza, é interpretada como uma ação do atual chefe de Estado de assegurar uma transição que lhe seja favorável na Presidência da República. Armando Guebuza já não pode concorrer a mais um mandato, uma vez que termina este ano os dois mandatos consecutivos previstos na Constituição da República.
 
PMA // VM - Lusa
 

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