segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

TIMOR-LESTE TEM MAIS DE 30 GRUTAS E ABRIGOS COM ARTE RUPESTRE

 


Díli, 10 fev (Lusa) - Timor-Leste tem mais de 30 grutas e abrigos com arte rupestre que ainda hoje são sagrados para as comunidades e utilizados para tomar decisões importantes para o futuro, disse o arqueólogo português Nuno Vasco Oliveira.
 
"Na zona de Los Palos, Tutuala, há mais de 30 grutas e abrigos com milhares de imagens pintadas nas paredes das rochas e dos abrigos que, para além da importância científica de ajudarem a perceber a relação das pessoas que chegaram a Timor e as pessoas que chegaram a outros locais aqui à volta, são também importantes para as comunidades que ainda hoje gerem esses sítios e os utilizam", afirmou Nuno Vasco Oliveira.
 
Segundo o também assessor da Direção Geral de Arte e Cultura timorense e cientista convidado da Universidade da Austrália, onde tirou o doutoramento, os primeiros sítios de arte rupestre foram documentados por António de Almeida e Ruy Cinatti nos anos de 1960.
 
António de Almeida era médico e fez vários estudos de investigação colonial em antropologia em Timor-Leste à semelhança do poeta, agrónomo e antropólogo Ruy Cinatti.
 
"A maior parte desses sítios continuam a ser sagrados e nesses locais continuam a ser tomadas decisões importantes para a vida futura das comunidades", afirmou.
 
Muitas dessas grutas, explicou Nuno Vasco Oliveira, foram utilizadas durante o período da resistência à ocupação indonésia e recuperaram uma "dimensão de sagrado, de sacralidade e de importância para as comunidades, porque nelas estiveram abrigados guerrilheiros com um papel fundamental na criação do que é hoje o país".
 
"Muitas delas têm ocupação pré-histórica antiga: 20 mil anos, 30 mil anos, 40 mil anos de ocupação", disse, salientando que são sítios significativos em Timor-Leste.
 
Para preservar aqueles sítios, as autoridades timorenses têm trabalhado com as comunidades no sentido de valorizar ainda mais a importâncias que já lhes dão.
 
"No fundo o que nós pretendemos fazer é trabalhar com elas para, valorizando e reconhecendo esse valor que elas lhes dão, acrescentar valor dando-lhes um enquadramento mais científico e fazendo com que as comunidades percebam que para além daquele valor há outro valores que ajudam a contar a história de porquê que eles estão ali, de quem eles são, qual a sua relação com comunidades vizinhas", disse.
 
Candidatar a arte rupestre de Timor-Leste a património mundial da UNESCO (Fundo da ONU para a Educação, Ciência e Cultura) é uma possibilidade, mas segundo o arqueólogo, ainda há um grande trabalho pela frente.
 
MSE // JCS - Lusa
 

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