Jornal
de Angola, editorial
O
congresso extraordinário do MPLA visou fortalecer as estruturas partidárias e
encontrar as melhores soluções para promover as mudanças sociais, políticas e
económicas que permitam a inclusão social, a cidadania e o desenvolvimento
económico.
Mais
de três milhões de angolanos participam activamente na sociedade através da
militância activa no partido, que nas sucessivas eleições democráticas, livres,
justas e transparentes tem conseguido vitórias indiscutíveis e incontestáveis.
O presidente do partido propôs aos delegados do congresso a adopção de um código ético que torne mais transparente a actividade partidária. Esta proposta é um desafio que extravasa largamente o MPLA, porque a falência de valores é transversal à sociedade angolana e urge recuperá-los, antes que se institucionalize a lógica do vale tudo e as pessoas e os seus direitos deixem de estar no centro da acção política. O MPLA cumpriu sempre os acordos que assinou. Em alguns casos, como o Acordo de Alvor, foi o único que se manteve fiel, até ao fim, ao seu espírito e letra, quando os outros signatários debandaram numa tentativa criminosa de balcanizar Angola. Cumpriu especialmente o acordado em Bicesse, mesmo quando Savimbi rasgou o documento e partiu para uma guerra particularmente mortífera e destruidora. Apesar de tão graves violações, foi tolerante e promoveu o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, mesmo tendo maioria absoluta na Assembleia Nacional.
As cedências feitas em nome de valores essenciais, como a paz, a unidade e a reconciliação foram vistas como fraquezas e levaram os seus parceiros de governo a um desastre eleitoral de proporções inimagináveis. O eleitorado castigou a fraude e a deslealdade, dando ao MPLA uma maioria qualificada. Apesar disso, o respeito pelos valores éticos por parte dos seus militantes e dirigentes conduziu Angola a um clima de autêntica paz e reconciliação. A política com valores produz tolerância, respeito pelos adversários, uma visão abrangente da sociedade.
A política sem valores arrasta-nos para o pântano da calúnia, o oportunismo sem barreiras, o ódio e o ressentimento. Quem não é capaz de respeitar o jogo democrático, nunca será capaz de compreender que no mundo da política não há inimigos, apenas adversários. E que em democracia ninguém ganha tudo, mas também ninguém perde tudo.
Quem quiser concorrer a eleições transparentes e democráticas pelo menos tem que saber esta lição. E sobretudo tem de confiar na infinita sabedoria do eleitorado. É um insulto aos milhões de angolanos que têm participado nos actos eleitorais, dizer que o MPLA ganha eleições porque os órgãos de comunicação social do sector empresarial do Estado manipulam a opinião pública.
Quem deve muito à inteligência não reconhece nos outros, seres inteligentes e livres, que votam em quem lhes apresenta o melhor programa e dá mais confiança. Em democracia, triunfam os políticos em quem os eleitores confiam.
O código de ética que o presidente do MPLA propôs, em primeira linha para os seus camaradas de partido, faz falta a todos os partidos, a todas as organizações cívicas, a todas as instituições públicas ou privadas. A vida sem ética torna-se uma aventura perigosa. Uma sociedade sem valores corre a passos largos para a decadência e a servidão. Promove tiranos e ditadores. E disso, os angolanos já tiveram a sua conta.
Mas ainda não se viram livres do pântano da mentira e da calúnia onde os inimigos da democracia fizeram ninho e tentam a todo o custo arrastar toda a sociedade para o lodo. O presidente José Eduardo dos Santos pediu aos seus camaradas, no encerramento do congresso, que sejam os primeiros a combater a calúnia e a mentira. Mas também este apelo extravasa as estruturas partidárias e obriga todos os cidadãos.
A sociedade não pode continuar a tolerar no seu seio os que se servem da tolerância e das amplas liberdades democráticas para assassinatos de carácter, atentados à honra e ao bom-nome dos cidadãos, acusações sem provas, julgamentos e condenações no circo mediático montado por aqueles que nunca desistiram de abocanhar as riquezas de Angola e submeter o Povo Angolano.
As calúnias e as mentiras partem muitas vezes de políticos da Oposição, sem
escrúpulos, que pensam ser esta a melhor via para conquistarem o poder. Não é
por acaso que o líder do maior partido da Oposição, sempre que sai de Angola
vai sozinho e nunca convidou os órgãos públicos de comunicação social. Assim
diz o que quer para a sua corte de Lisboa, Paris ou Bruxelas sem ser
questionado por ninguém. O presidente do MPLA tem razão: é urgente um código de
ética e os seus militantes não podem permitir que a mentira faça figura de
verdade inquestionável.
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