terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Cimeira Ibero Americana sob fortes medidas de segurança e com ausências




Quase 25 anos depois da fundação, no México, em Guadalajara, a comunidade Ibero-Americana tenta a refundação, a reinvenção perante a concorrência de outros fórum internacionais que vão conquistando a atenção dos países da América Latina.

Um dos truques passa por cimeiras mais espaçadas, de dois em dois anos. O tempo também não é o ideal, com Espanha e Portugal ainda a sacudirem os efeitos da crise, e os dias de crescimento acima dos 5% em muitos países desta região já a fazer parte da história.

Nas edições de 2011 e 2013, mais de metade dos chefes de estado e governo faltou à chamada. Dilma Rousseff, presidenta do gigante Brasil, teve falta injustificada em quase todas as cimeiras desde que entrou no palácio do Planalto. Só esteve em Cádis, em 2012.

Chefes de Estado e Governo chegam ao sul do México numa altura em que o presidente Henrique Peña Nieto tenta impor uma agenda de combate à pobreza e ao narcotráfico nos estados do sul, sobretudo Chiapas, Oaxaca e Guerrero, estados que fazem fronteira com o estado de Veracruz.

Outro ponto na agenda política do Presidente mexicano é o possível aumento do salário mínimo, menos de 100 euros por mês, o valor mais baixo da OCDE. Mais relevante, desde 1976 o poder de compra desses cerca de 100 euros caiu 80%.

A onda de crescimento económico das últimas décadas, que tem marcado o norte do país junto à fronteira com os EUA, passou sem deixar marcas aqui pelo sul, e deixou estes territórios num caldo explosivo de miséria, corrupção e narcotráfico, com fenómenos cada vez mais frequentes de violência extrema. Aliás, a segurança é uma marca de água desta cimeira, com a pequena cidade de Veracruz quase sitiada. A presença policial e de elementos do exército fortemente armados é esmagadora, e boa parte da cidade está fechada.

Quase toda a marginal está fechada ao trânsito, e uma longa extensão de bares e restaurantes estão de portas fechadas ao negócio.

A Cimeira Ibero-Americana começou com as ausências dos presidentes de Cuba, Raúl Castro, Venezuela, Nicolás Maduro, Nicarágua, Daniel Ortega, Bolívia, Evo Morales, Brasil, Dilma Rousseff, e Argentina, Cristina Kirchner.

Esta 24ª Cimeira Iberoamericana fica marcada pela estreia do Rei Filipe VI, e pela despedida de Cavaco Silva.

Paulo Tavares – TSF - foto Henry Romero / Reuters

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