Quase
25 anos depois da fundação, no México, em Guadalajara, a comunidade
Ibero-Americana tenta a refundação, a reinvenção perante a concorrência de
outros fórum internacionais que vão conquistando a atenção dos países da
América Latina.
Um
dos truques passa por cimeiras mais espaçadas, de dois em dois anos. O tempo
também não é o ideal, com Espanha e Portugal ainda a sacudirem os efeitos da
crise, e os dias de crescimento acima dos 5% em muitos países desta região já a
fazer parte da história.
Nas
edições de 2011 e 2013, mais de metade dos chefes de estado e governo faltou à
chamada. Dilma Rousseff, presidenta do gigante Brasil, teve falta injustificada
em quase todas as cimeiras desde que entrou no palácio do Planalto. Só esteve
em Cádis, em 2012.
Chefes
de Estado e Governo chegam ao sul do México numa altura em que o presidente
Henrique Peña Nieto tenta impor uma agenda de combate à pobreza e ao
narcotráfico nos estados do sul, sobretudo Chiapas, Oaxaca e Guerrero, estados
que fazem fronteira com o estado de Veracruz.
Outro
ponto na agenda política do Presidente mexicano é o possível aumento do salário
mínimo, menos de 100 euros por mês, o valor mais baixo da OCDE. Mais relevante,
desde 1976 o poder de compra desses cerca de 100 euros caiu 80%.
A
onda de crescimento económico das últimas décadas, que tem marcado o norte do
país junto à fronteira com os EUA, passou sem deixar marcas aqui pelo sul, e
deixou estes territórios num caldo explosivo de miséria, corrupção e
narcotráfico, com fenómenos cada vez mais frequentes de violência extrema.
Aliás, a segurança é uma marca de água desta cimeira, com a pequena cidade de
Veracruz quase sitiada. A presença policial e de elementos do exército
fortemente armados é esmagadora, e boa parte da cidade está fechada.
Quase
toda a marginal está fechada ao trânsito, e uma longa extensão de bares e
restaurantes estão de portas fechadas ao negócio.
A
Cimeira Ibero-Americana começou com as ausências dos presidentes de Cuba, Raúl
Castro, Venezuela, Nicolás Maduro, Nicarágua, Daniel Ortega, Bolívia, Evo
Morales, Brasil, Dilma Rousseff, e Argentina, Cristina Kirchner.
Esta
24ª Cimeira Iberoamericana fica marcada pela estreia do Rei Filipe VI, e pela
despedida de Cavaco Silva.
Paulo
Tavares – TSF - foto Henry Romero / Reuters
Sem comentários:
Enviar um comentário