Gilles
Cistac foi assassinado numa rua de Maputo no passado dia 3 depois de sair do
café onde ia habitualmente todas as manhãs. Não existe quem duvide que foi
assassinado por encomenda. Por quem, porque motivos e por que preço?
Cistac,
constitucionalista e professor universitário, não era bem quisto nas fileiras
da Frelimo, além disso não sobravam mais animosidades contra Cistac. Pelo contrário.
Alunos, colegas, moçambicanos na generalidade, nutriam admiração e estima por
ele.
A
Frelimo, partido do poder desde que Moçambique é independente, é apontada como
a entidade que encomendou a morte de Gille Cistac por representar uma
autoridade do conhecimento que não se calava quando os governantes de
Moçambique (Frelimo) demonstravam tendências para violarem os direitos
constitucionais.
Sobre
o assassinato de Cistac muita tinta vai correr nos órgãos de comunicação
social. Não serão os que o assassinaram que vão impedir isso, nem a busca da
verdade. Não será a predisposição da Frelimo ao pretender silenciar
manifestantes nas ruas que impedirá as homenagens a Cistac nem as
exigências da revelação da verdade e punição dos autores morais e materiais do
hediondo crime.
Saber-se-á
então por quem foi assassinado, porque motivos e por que preço?
Leandro Vasconcelos, Maputo - Redação
PG
Polícia
impede homenagem a Gilles Cistac na Beira
Cerca
de 70 estudantes trajavam camisolas com os dizeres "Gilles Cistac, um
homem que nunca vai morrer, estará sempre nas nossas mentes”.
Voz
da América
A
Polícia de Moçambique(PRM) impediu hoje, 5, a manifestação de cerca de 70
estudantes do Instituto de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande que
pretendiam homenagear o constitucionalista e professor universitário Gilles
Cistac, assassinado na passada terça-feira em Maputo.
O
jornalista Constantino Notico confirmou a notícia à VOA.
Os
estudantes estavam concentrados na Praça 3 de Fevereiro, trajando camisolas com
os dizeres “Gilles Cistac, um homem que nunca vai morrer, estará sempre nas
nossas mentes”, quando foram impedidos pela polícia.
Depois
de uma hora, os jovens foram dispersados sem violência nem prisões.
Responsáveis
do Instituto de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande disseram não entender a
atitude da polícia que foi informada a tempo sobre a manifestação.
Em
Maputo, o Núcleo de Estudantes de Direito da Universidade Eduardo Mondlane
(UEM) vai realizar, no sábado, uma marcha de homenagem ao constitucionalista
Gilles Cistac.
A
marcha sairá às 7 horas do local onde o académico foi baleado até à Faculdade
de Direito da UEM.
Os
organizadores esperam que 500 pessoas participem na marcha, entre estudantes,
colegas, amigos, familiares de Gilles Cistac e activistas sociais.
Governo
moçambicano pressionado a investigar assassinato de Gilles Cistac
Ministro
do Interior diz que supostos assassinos foram identificados
Ramos Miguel - Voz da América
O
ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro, diz haver pistas dos
criminosos que mataram Cistac. Contudo, Basílio Monteiro não avançou pormenores
por estar a decorrer investigações, baseadas em testemunhos e vestígios do
crime.
Entretanto,
em entrevista à Voz da América analistas dizem haver sérios riscos de
descredibilização e de pressão internacional sobre o Governo moçambicano,
resultantes do assassinato do constitucionalista Gilles Cistac, sobretudo se o
assunto não for investigado até às últimas consequências.
O
sociólogo Carlos Serra aponta uma série de eventuais consequências do
assassinato de Cistac, entre as quais se destacam a produçao do clima de medo e
o risco de o Estado e os partidos políticos ficarem descredibilizados, para
além da crítica e penalizaçao internacional.
Para
o politólogo Lázaro Mabunda, a pressão internacional já começou a fazer-se
sentir ontem, 4 de Março, no encontro entre o ministro moçambicano dos Negócios
Estrangeiros, Oldemiro Baloi, e embaixadores acreditados em Maputo.
"A
morte do professor Gilles Cistac vai ter consequências drásticas sobretudo a
nível internacional, particularmente ao nível dos investidores e
doadores", destacou Mabunda.
O
presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento Raúl Domingos
diz que a morte de Cistac poderá afectar as relações de cooperação entre
Moçambique e outros países.
Segundo
Domingos, tratando-se de uma figura da dimensão de Gilles Cistac, "o
choque vai para além das fronteiras nacionais, e esse choque pode repercutir-se
ao nível das relações de cooperação, a menos que o Governo moçambicano
apresente, muito rapidamente, os criminosos e seus mandantes".
O
editor do jornal MediaFax, Fernando Mbanze, diz mesmo antes de se conhecer o
móbil do crime, que a comunidade internacional já está a pressionar o Estado
moçambicano.
Mbanze
diz ter ouvido pronunciamentos do embaixador de França em Moçambique e de
outros embaixadores "a exigirem a quem de direito, que diga alguma coisa
sobre o que aconteceu; as pessoas até dizem que este é um assunto de
Estado."
Entretanto,
o ministro moçambicano do Interior, Jaime Basílio Monteiro diz ter dado
instruções pontuais à polícia no sentido de esclarecer rapidamente este caso.
Comandante
da polícia moçambicana repudia criticas à investigação da morte de Gilles
Cistac
Pedro
Cossa disse que as cápsulas das balas do crime foram recolhidas para
investigação
Simião
Pongoane - Voz da América
O
porta-voz do Comando-Geral da Policia de Moçambique Pedro Cossa deplora as
criticas feitas aos agentes da policia relativas a alegada falta de recolha de
vestígios no local onde foi baleado o jurista e académico Gilles Cistac, em
plena luz do dia na cidade de Maputo.
Para
Cossa, a primeira preocupação numa situação do género é salvar a vida da vítima
e não tirar impressões digitais.
Numa
breve conversa com VOA, por telefone a partir de Pretória, Cossa confirmou que
as cápsulas das balas do crime foram recolhidas para investigação.
"Outras
coisas que se recolhem ali são cápsulas e penso que os meus colegas fizeram
isso", disse Pedro Cossa, aparentemente agastado com as criticas contra a
Policia.
Pedro
Cossa diz mesmo que gostaria de saber em que escola de criminologia aprenderam
os críticos da policia de Mocambique.
Gilles
Cistac morreu no Hospital Central de Maputo vitima de tiros por homens ainda a
monte e os motivos do crime são ainda desconhecidos, mas a Polícia promete que
tarde ou cedo vai apanhar os autores.
“Nós
já temos provas em ocasioes anteriores que custa o que custar temos levado a
bom termo o esclarecemo de varios crimes”, disse Cossa.
Entretanto,
o Ministro do Interior Basilio Monteiro disse hoje em Maputo que a policia
pediu colaboração da Interpol e da policia da África Austral para a
localizaçãoo dos autores da morte do jurista Cistac.
Africa
do do Sul tem sido o pais mais preferido pelas pessoas que praticam crimes
hediondos em Mocambique, mas a colaboração entre as policias dos dois países
têm ajudado na sua localização e neutralização.
FRELIMO
devia ter "travado ódio racista contra CIstac", diz Lourenço do
Rosário
Voz
da América
Segundo
o site da publicação portuguesa Visão, o académico moçambicano Lourenço do
Rosário, mediador do diálogo entre a FRELIMO E A RENAMO considerou que a
FRELIMO devia ter travado o "ódio racista" contra o
constitucionalista Gilles Cistac, assassinado no dia 3 de Março em
Maputo.
"O
meu partido, quando dio meu partido sabem a que partido me refiro, porque sou
da FRELIMO, devia ter parado com o ódio racista que se incentivou contra o
professor Gilles Cistac", disse Rosário, que é também reitor da
Universidade Politécnica, numa declaração de sapiência de abertura do ano
lectivo neste estabelecimento.
Lourenço
do Rosário afirmou ainda que há moralmente uma relação de causa-efeito entre os
comentários negativos feitos por analistas políticos afectos à FRELIMO e a
morte do constitucionalista Gilles Cistac, de origem francesa, adiantando ainda
que o jurista terá sido assassinado pelos seus posicionamentos públicos.
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