domingo, 8 de março de 2015

Moçambique. CISTAC FOI VÍTIMA DE ASSASSINATO ENCOMENDADO POR QUE PREÇO?




Gilles Cistac foi assassinado numa rua de Maputo no passado dia 3 depois de sair do café onde ia habitualmente todas as manhãs. Não existe quem duvide que foi assassinado por encomenda. Por quem, porque motivos e por que preço?

Cistac, constitucionalista e professor universitário, não era bem quisto nas fileiras da Frelimo, além disso não sobravam mais animosidades contra Cistac. Pelo contrário. Alunos, colegas, moçambicanos na generalidade, nutriam admiração e estima por ele.

A Frelimo, partido do poder desde que Moçambique é independente, é apontada como a entidade que encomendou a morte de Gille Cistac por representar uma autoridade do conhecimento que não se calava quando os governantes de Moçambique (Frelimo) demonstravam tendências para violarem os direitos constitucionais.

Sobre o assassinato de Cistac muita tinta vai correr nos órgãos de comunicação social. Não serão os que o assassinaram que vão impedir isso, nem a busca da verdade. Não será a predisposição da Frelimo ao pretender silenciar manifestantes nas ruas que impedirá as homenagens a Cistac nem as exigências da revelação da verdade e punição dos autores morais e materiais do hediondo crime.

Saber-se-á então por quem foi assassinado, porque motivos e por que preço?

Leandro Vasconcelos, Maputo - Redação PG

Polícia impede homenagem a Gilles Cistac na Beira

Cerca de 70 estudantes trajavam camisolas com os dizeres "Gilles Cistac, um homem que nunca vai morrer, estará sempre nas nossas mentes”.

Voz da América

A Polícia de Moçambique(PRM) impediu hoje, 5, a manifestação de cerca de 70 estudantes do Instituto de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande que pretendiam homenagear o constitucionalista e professor universitário Gilles Cistac, assassinado na passada terça-feira em Maputo.

O jornalista Constantino Notico confirmou a notícia à VOA.

Os estudantes estavam concentrados na Praça 3 de Fevereiro, trajando camisolas com os dizeres “Gilles Cistac, um homem que nunca vai morrer, estará sempre nas nossas mentes”,  quando foram impedidos pela polícia.

Depois de uma hora, os jovens foram dispersados sem violência nem prisões.

Responsáveis do Instituto de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande disseram não entender a atitude da polícia que foi informada a tempo sobre a manifestação.

Em Maputo, o Núcleo de Estudantes de Direito da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) vai realizar, no sábado, uma marcha de homenagem ao constitucionalista Gilles Cistac.

A marcha sairá às 7 horas do local onde o académico foi baleado até à Faculdade de Direito da UEM.

Os organizadores esperam que 500 pessoas participem na marcha, entre estudantes, colegas, amigos, familiares de Gilles Cistac e activistas sociais.

Governo moçambicano pressionado a investigar assassinato de Gilles Cistac

Ministro do Interior diz que supostos assassinos foram identificados

Ramos Miguel - Voz da América

O ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro, diz haver pistas dos criminosos que mataram Cistac. Contudo, Basílio Monteiro não avançou pormenores por estar a decorrer investigações, baseadas em testemunhos e vestígios do crime.

Entretanto, em entrevista à Voz da América analistas dizem haver sérios riscos de descredibilização e de pressão internacional sobre o Governo moçambicano, resultantes do assassinato do constitucionalista Gilles Cistac, sobretudo se o assunto não for investigado até às últimas consequências.

O sociólogo Carlos Serra aponta uma série de eventuais consequências do assassinato de Cistac, entre as quais se destacam a produçao do clima de medo e o risco de o Estado e os partidos políticos ficarem descredibilizados, para além da crítica e penalizaçao internacional.

Para o politólogo Lázaro Mabunda, a pressão internacional já começou a fazer-se sentir ontem, 4 de Março, no encontro entre o ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi, e embaixadores acreditados em Maputo.

"A morte do professor Gilles Cistac vai ter consequências drásticas sobretudo a nível internacional, particularmente ao nível dos investidores e doadores", destacou Mabunda.

O presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento Raúl Domingos diz que a morte de Cistac poderá afectar as relações de cooperação entre Moçambique e outros países.

Segundo Domingos, tratando-se de uma figura da dimensão de Gilles Cistac, "o choque vai para além das fronteiras nacionais, e esse choque pode repercutir-se ao nível das relações de cooperação, a menos que o Governo moçambicano apresente, muito rapidamente, os criminosos e seus mandantes".

O editor do jornal MediaFax, Fernando Mbanze, diz mesmo antes de se conhecer o móbil do crime, que a comunidade internacional já está a pressionar o Estado moçambicano.

Mbanze diz ter ouvido pronunciamentos do embaixador de França em Moçambique e de outros embaixadores "a exigirem a quem de direito, que diga alguma coisa sobre o que aconteceu; as pessoas até dizem que este é um assunto de Estado."

Entretanto, o ministro moçambicano do Interior, Jaime Basílio Monteiro diz ter dado instruções pontuais à polícia no sentido de esclarecer rapidamente este caso. 

Comandante da polícia moçambicana repudia criticas à investigação da morte de Gilles Cistac

Pedro Cossa disse que as cápsulas das balas do crime foram recolhidas para investigação

Simião Pongoane - Voz da América

O porta-voz do Comando-Geral da Policia de Moçambique Pedro Cossa deplora as criticas feitas aos agentes da policia relativas a alegada falta de recolha de vestígios no local onde foi baleado o jurista e académico Gilles Cistac, em plena luz do dia na cidade de Maputo.

Para Cossa, a primeira preocupação numa situação do género é salvar a vida da vítima e não tirar impressões digitais.

Numa breve conversa com VOA, por telefone a partir de Pretória, Cossa confirmou que as cápsulas das balas do crime foram recolhidas para investigação.

"Outras coisas que se recolhem ali são cápsulas e penso que os meus colegas fizeram isso", disse Pedro Cossa, aparentemente agastado com as criticas contra a Policia.

Pedro Cossa diz mesmo que gostaria de saber em que escola de criminologia aprenderam os críticos da policia de Mocambique.

Gilles Cistac morreu no Hospital Central de Maputo vitima de tiros por homens ainda a monte e os motivos do crime são ainda desconhecidos, mas a Polícia promete que tarde ou cedo vai apanhar os autores.

“Nós já temos provas em ocasioes anteriores que custa o que custar temos levado a bom termo o esclarecemo de varios crimes”, disse Cossa.

Entretanto, o Ministro do Interior Basilio Monteiro disse hoje em Maputo que a policia pediu colaboração da Interpol e da policia da África Austral para a localizaçãoo dos autores da morte do jurista Cistac.

Africa do do Sul tem sido o pais mais preferido pelas pessoas que praticam crimes hediondos em Mocambique, mas a colaboração entre as policias dos dois países têm ajudado na sua localização e neutralização.
  
FRELIMO devia ter "travado ódio racista contra CIstac", diz Lourenço do Rosário

Voz da América

Segundo o site da publicação portuguesa Visão, o académico moçambicano Lourenço do Rosário, mediador do diálogo entre a FRELIMO E A RENAMO considerou que a FRELIMO devia ter travado o "ódio racista" contra o constitucionalista Gilles Cistac, assassinado no dia 3 de Março em Maputo.

"O meu partido, quando dio meu partido sabem a que partido me refiro, porque sou da FRELIMO, devia ter parado com o ódio racista que se incentivou contra o professor Gilles Cistac", disse Rosário, que é também reitor da Universidade Politécnica, numa declaração de sapiência de abertura do ano lectivo neste estabelecimento.

Lourenço do Rosário afirmou ainda que há moralmente uma relação de causa-efeito entre os comentários negativos feitos por analistas políticos afectos à FRELIMO e a morte do constitucionalista Gilles Cistac, de origem francesa, adiantando ainda que o jurista terá sido assassinado pelos seus posicionamentos públicos.

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