Pequim, 29 mai 2020 (Lusa) - A
China acusou hoje Washington de "capturar o Conselho de Segurança das
Nações Unidas", após os Estados Unidos terem pedido uma reunião sobre a
controversa lei de segurança nacional de Hong Kong, aprovada pelo parlamento
chinês.
"O Conselho de Segurança não
é uma ferramenta que os Estados Unidos podem manipular como bem
entenderem", apontou Zhao Lijian, porta-voz do ministério dos Negócios
Estrangeiros da China.
"A China e os países que
amam a justiça não permitirão que os Estados Unidos tomem o Conselho de
Segurança como refém dos seus próprios interesses", acrescentou, em
conferência de imprensa.
Ativistas pró-democracia em Hong Kong e vários
países consideram que a nova legislação vai reduzir as liberdades na região
semiautónoma da China, que tem um conselho legislativo e executivo locais.
Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá ou o Japão expressaram os seus
receios.
Os Estados Unidos e o Reino Unido
exigiram uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a lei da
segurança nacional aprovada por Pequim para Hong Kong.
O assunto será discutido durante
uma videoconferência informal num formato que permitirá a qualquer membro
abordar várias questões e às quais a China não se poderá, em princípio, opor,
de acordo com as mesmas fontes citadas pela agência de notícias francesa
France-Presse.
O projeto de Lei foi aprovado
durante o encerramento da sessão anual do legislativo chinês, cujos cerca de
3.000 delegados são na maioria membros do Partido Comunista da China (PCC),
partido único do poder no país asiático.
A lei proíbe "qualquer ato
de traição, separação, rebelião, subversão contra o Governo Popular Central, roubo
de segredos de Estado, a organização de atividades em Hong Kong por parte de
organizações políticas estrangeiras e o estabelecimento de laços com
organizações políticas estrangeiras por parte de organizações políticas de Hong
Kong".
O artigo 23 da Lei Básica, a
miniconstituição de Hong Kong, estipula que a cidade avance com legislação
nesse sentido, mas tal revelou-se difícil, face à resistência da população de
Hong Kong, que teme uma redução das suas liberdades.
Na China continental, os
tribunais recorrem frequentemente à lei de segurança nacional, incluindo
acusações como "separatismo" ou "subversão do poder do
Estado", para prender dissidentes ou ativistas, que desafiam o domínio do
Partido Comunista Chinês.
JPI // FPA
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