quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Guiné-Bissau: Primeira biblioteca pública abre pela mão de ONG portuguesa

 

FP - Lusa
 
Bissau, 30 ago (Lusa) - A capital guineense tem a partir de hoje a primeira biblioteca pública do país, um esforço de uma organização não-governamental (ONG) portuguesa que quer no próximo ano criar uma rede de bibliotecas itinerantes.
 
Sem cerimónia formal, a biblioteca, junto da Faculdade de Direito e perto de dois dos bairros mais populosos da capital da Guiné-Bissau, foi apresentada por duas responsáveis da ONG "Afectos com Letras" que com elas trouxeram 13.500 livros de Portugal.
 
"Tivemos conhecimento nas nossas vindas anteriores, de missões solidárias que fizemos, da falta que faziam livros em Bissau, da necessidade que os estudantes e a população em geral tinham de ler, e da vontade de ler", diz Joana Benzinho, fundadora da ONG, acrescentando que o projeto teve o entusiasmo do anterior Governo e de doadores em Portugal.
 
Foi assim que numa campanha de três meses, dos 4.500 livros cedidos por uma biblioteca de Pombal se chegou aos 13.500 livros, hoje devidamente catalogados e arrumados numa sala cedida pelo Instituto Politécnico Benhoblô, perto dos bairros da Cooperação e Militar.
 
Joana Benzinho explica que os livros técnicos, nomeadamente de Medicina, Informática e Direito, serão para consulta no local e que os outros podem ser requisitados e levados para casa, bastando para isso que se faça uma inscrição. Qualquer cidadão o pode fazer.
 
Joana Benzinho e Marta Dias de Castro, igualmente da direção da ONG, passaram os últimos dias a preparar a biblioteca pública de Bissau, mas com outro sonho na cabeça: a partir do próximo ano, contam, querem "avançar com uma biblioteca itinerante, que permita ter base em Bissau e com carrinhas percorrer as regiões mais próximas, ir às escolas e levar livros aos alunos".
 
"Estamos em contactos em Portugal e aqui e pensamos que vai ser exequível. E até lá vamos alimentar a biblioteca e possivelmente tentar noutras cidades", diz Joana Benzinho, que há poucos dias deixou 200 livros numa escola da ilha de Bubaque (arquipélago de Bijagós) e que com os livros que tem ainda em Portugal poderá alimentar outras bibliotecas do país.
 
"Vão aparecer muitos livros. Desde que estamos aqui já recebemos chamadas e emails de editoras que têm livros para nós, de bibliotecas que têm espólios disponíveis, de particulares que também nos querem dar livros, portanto em dezembro vamos voltar com muitos mais livros", garante Joana Benzinho.
 
E até lá quer ver a biblioteca dinamizada, transformada num local onde se possam também fazer lançamentos de livros, apresentar exposições, ler contos para crianças.
 
As duas responsáveis vão regressar a Portugal mas voltam a Bissau em dezembro, como disse Joana, com mais livros.
 
Mas Marta Dias de Castro lembra que a "Afectos com Letras" não deixa para trás apenas os 13.500 livros. Deixa também uma creche no bairro de S. Paulo, com 120 crianças, e outra com mais 85 em Varela, no norte do país, instituições que a ONG apoia.
 
Criada em setembro de 2009, a "Afectos com Letras", Associação para o Desenvolvimento pela Formação, Saúde e Educação tem como missão a melhoria das condições de vida das crianças da Guiné-Bissau.
 
A primeira biblioteca pública de Bissau resulta de uma parceria da "Afectos com Letras" com a Rede de Bibliotecas de Pombal, as Bibliotecas Escolares e o Instituto Politécnico Benhoblô, em Bissau.
 

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