Esther
Pineda G - Afropress
No
sábado, 13 de setembro, se realizou a denominada Gala Interativa da Miss
Venezuela 2014, evento em que o público do concurso tem a oportunidade de
eleger suas candidatas favoritas em diferentes categorias, entre as quais: Miss
Pernas de Vênus, Miss Confiança, Miss Simpatia, Cabelo Radiante, Miss Fitness,
Beleza Saudável, Pele mais linda, Miss Tecnologia, Miss Beleza Integral, Miss
Sorriso, Miss Rosto, Miss Figura, Miss Autêntica, Miss Inspiração e Miss
Personalidade.
Mas,
não é a premiação realizada todos os anos, como antesala do denominado “Magno
Evento”, e tampouco novidade, que é o objeto das minhas reflexões, apesar,
claro, de ter me chamado a atenção a premiação como Miss Personalidade da
candidata afrodescente Jennifer Saa.
A
escolha acabou por explicitar o racismo ainda enquistado em nossa sociedade
venezuelana, que raramente acontece de forma explícita, mas se dá de maneira
hipócrita, dissimulada, cordial, manifestando-se fundamentalmente nos
discursos, na invisibilidade e nas representações de estereótipos.
Contrariando
a frequente e consensuada opinião de que em nosso país não há racismo, fatos
como o bulling cibernético dirigido a Miss Falcón, pôs em evidência a
continuidade e a vigência do racismo, sobretudo pelos jornais e pelo
reaparecimento de manifestações radicalizadas.
As
redes sociais rápidamente se encheram de mensagens discriminatórias. No twitter
ahastag #Miss Falcon em minutos se converteu numa das mais acessadas.
Quem,
no cotidiano afirma não ser racista, deixou cair sua máscara e protegido pelo
anominato da Internet, se pôde observar uma verdadeira catarse coletiva de
racismo e discriminação. Expressões tais como: “Miss Falcón é muito bonita e
elegante, mas sensivelmente não é a indicada para representar a mulher
venezuelana”, se repetiram. Outras como “Sim, a feia pelo menos tem que ter
personalidade”, e ainda manifestações depreciativas como “Tinha que ganhar era
uma peruca”.
São
estes fatos que, a pesar da composição de nossa população pluriétnica e
majoritariamente mestiça, expõe o caráter racista de nossa sociedade, que pode
ser entendido como um conjunto de ideias distorcidas da realidade,
desqualificadoras, degradantes e subordinantes dos individuos pelo seu
pertencimento étnicorracial, suas formas fenotípicas e a cor da pele.
Por
isso é fundamental avançar na conscientização, formação e prevenção do racismo,
mas, principalmente, fazer esforços desde o individual ao âmbito familiar,
questionando os prejuízos, rachaçando-os, tentando eliminar do nosso
vocabulário, práticas e interações cotidianas de situações que promovam a
discriminação ou exclusão, e que permitam transmitir valores de igualdade,
respeito e reconhecimento cultural.
Tradução
do Espanhol para o Português: Dojival Vieira
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