Correio
do Brasil, com agências internacionais - de Nova York, EUA - ontem
A
Assembleia Geral da ONU começou nesta quarta-feira, em Nova York , com a
presença de líderes de 193 países e sob a sombra da ofensiva internacional
contra o “Estado Islâmico”, que possivelmente será tema de vários
discursos. Como é tradição, a presidente Dilma Rousseff fez o primeiro
discurso. Ela usou o espaço para ressaltar os avanços sociais do Brasil nos
últimos anos e o êxito obtido no combate à pobreza e à fome, progressos que
constituem a base de sua campanha à reeleição.
Dilma,
foi seguida no palanque pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
segundo a discursar na condição de anfitrião. Sua fala foi possivelmente
centrada na busca por maior apoio internacional à ofensiva
contra os extremistas na Síria e no Iraque.
A
presidenta reforçou em seu discurso a posição histórica brasileira de oposição
a sanções de qualquer natureza, diferentemente da de alguns países,
principalmente após o ataque de 11 de setembro de 2001, que consideram que
contra o terrorismo vale qualquer ação, ainda que o termo possa ser tratado de
forma subjetiva. O caso em evidência atualmente é o do Estado Islâmico, grupo
contra o qual os Estados Unidos e a França estão fazendo ataques aéreos. Na
última segunda-feira, mesmo dia em que chegou a Nova York, Dilma disse que
todos os grandes conflitos que se armaram tiveram como consequência a perda de
vidas humanas dos dois lados.
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Agressões sem sustentação aparentemente podem dar ganhos imediatos. Depois,
causam enormes prejuízos e turbulências. É o caso, por exemplo, do Iraque. Está
lá aprovadinho. Na Líbia, a consequência no Sahel. A mesma coisa na Faixa de
Gaza – disse Dilma. “Nós repudiamos sempre o morticínio e a agressão dos dois
lados, e não acreditamos que seja eficaz. O Brasil é contra todas as agressões.
Acha, inclusive, que o Conselho de Segurança da ONU tem que ter
representatividade para impedir essa paralisia diante do aumento dos conflitos
em todas as regiões do mundo”, acrescentou.
A
defesa da reforma do Conselho de Segurança da ONU, inclusive, é uma das
principais bandeiras da política externa brasileira e certamente estará no
discurso presidencial. No ano passado, Dilma lembrou que o ano de 2015 marcará
o 70º aniversário das Nações Unidas, data propícia, segundo ela, “para realizar
a reforma urgente” e evitar uma “derrota coletiva”, caso se chegue ao próximo
ano “sem um Conselho de Segurança capaz de exercer plenamente suas
responsabilidades no mundo de hoje”.
De
acordo com a posição brasileira, o Conselho de Segurança – composto atualmente
por apenas cinco membros permanentes (Estados Unidos, Reino Unido, França,
Rússia e China) e com poder de veto – necessita, para ter legitimidade, ser
dotado de mais vozes, com a ampliação do número de membros permanentes e não
permanentes (atualmente dez, com mandatos de dois anos), dando mais
representatividade a países em desenvolvimento.
Os
países latino-americanos reforçaram seu pedido por uma reforma da ONU, e muitos
devem apoiar a proposta Argentina de estabelecer um marco regulatório
internacional para operações de fundos de investimento especulativos.
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Há muitas razões para estarmos incomodados por causa do estado do mundo. Mas
também há muitas razões para termos esperança – disse o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon.
O
plenário da Assembleia Geral da ONU termina em 30 de setembro.
Desmatamento
No
mesmo dia em que a presidenta Dilma Rousseff exaltou as medidas tomadas por seu
governo na área ambiental, o Brasil se recusou a assinar um documento propondo
reduzir pela metade a derrubada das florestas do mundo até 2020 e zerar por
completo o desmatamento até 2030.
O
compromisso foi anunciado nesta terça-feira com a ‘Declaração de Nova York
sobre Florestas’, durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas, na sede da
organização. Participaram da iniciativa mais de 30 países, entre eles, Estados
Unidos, Canadá e União Europeia, além de dezenas de empresas, organizações
ambientalistas e grupos indígenas.
O
evento antecedeu à abertura da Assembleia Geral da ONU, prevista para acontecer
nesta quarta-feira.
À
revelia do governo federal, os Estados do Acre, Amapá e Amazonas também
assinaram o acordo.
A
‘Declaração de Nova York sobre Florestas’ é uma espécie de cartas de intenções
anterior a um tratado internacional, que começaria a vigorar a partir do ano
que vem. Uma vez implementado, cortaria a emissão anual de gás carbônico (CO2)
entre 4,5 e 8,8 bilhões de toneladas.
Autoridades
ligadas à defesa do meio ambiente lamentaram a falta de apoio do Brasil, dono
da maior floresta tropical úmida contínua do mundo.
De
fora
Segundo
a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o Brasil ficou de fora porque
“não foi consultado” sobre a nova resolução.
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Infelizmente, não fomos consultados (sobre a declaração). Acredito que seja
impossível pensar uma iniciativa em prol das florestas a nível mundial sem
incluir o Brasil. Não faz sentido – disse Teixeira à agência de notícias
Associated Press (AP) na segunda-feira.
Na
prática, porém, o compromisso vai de encontro às regras do governo brasileiro
sobre o manejo sustentável das florestas e a derrubada de áreas para
agricultura, o chamado ‘desmatamento legal’.
Como
não havia distinção no texto entre o que poderia ou não ser desmatado, o país
resolveu não assinar o documento.
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Desmatamento legal é diferente de desmatamento ilegal. Nossa política nacional
é interromper o ilegal – afirmou a ministra.
Caso
as metas propostas no documento sejam alcançadas, a redução de dióxido de
carbono lançado na atmosfera seria equivalente ao volume atualmente expelido
por todos os carros do planeta, informou a ONU.
O
grupo que assinou o documento também prevê recuperar mais de 2,5 milhões de km²
de floresta no mundo até 2030.
A
Noruega, por sua vez, prometeu gastar US$ 350 milhões (R$ 840 milhões) para
proteger as florestas do Peru e outros US$ 100 milhões (R$ 240 milhões) na
Libéria.
Em
entrevista à AP, Charles McNeill, assessor de política ambiental para o
Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, afirmou que não houve “intenção
de excluir o Brasil”.
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Não houve intenção de excluir o Brasil. Eles são o mais importante país naquela
área. Um esforço que envolva o Brasil é muito mais poderoso e impactante.
Segundo
McNeill, “houve tentativas de falar com integrantes do governo brasileiro, mas
não obtivemos uma resposta”.
Segundo
dados oficiais, o desmatamento caiu 79% no Brasil desde 2004. No ano passado,
contudo, o desmatamento na Amazônia Legal subiu 28% após quatro anos em queda.
Apesar
do aumento, o índice foi o segundo menor desde que o país começou a acompanhar
a derrubada de árvores na região, em 1988.
Dilma
Em
discurso na plenária da ONU, Dilma exaltou a agenda sustentável do seu governo
e descreveu os indicadores de desmatamento brasileiros como “excepcionais”.
Ela
afirmou ainda que sua adversária na corrida presidencial pelo PSB, Marina
Silva, mente ao afirmar que a atual política ambiental brasileira representa um
retrocesso.
A
presidente lembrou que o Brasil tomou a decisão voluntária, durante a Cúpula de
Copenhague, em 2009, de cortar entre 36% e 39% as emissões de dióxido de
carbono até 2020. Segundo ela, o país também deixou de emitir cerca de 650
milhões de toneladas de gases desde 2010.
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Quero saber onde está o retrocesso. Por que quem definiu 36% e 39%
voluntariamente, quem reduziu 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono na
atmosfera, foi o meu governo e o governo do presidente Lula. E não foi na época
dela que fizemos isso – afirmou Dilma.
Novas
críticas
Em
compromisso de campanha em Florianópolis, Marina Silva voltou a criticar Dilma.
A candidata do PSB à presidência lamentou que o Brasil não assinou a carta de
proteção às florestas. Marina afirmou ainda que a petista não assumiu um
compromisso para o futuro.
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Acabo de receber a notícia de que, infelizmente, a presidente Dilma, que está
participando em Nova York
da cúpula do Clima, a convite do secretariado geral das Nações Unidas, fala tão
somente das conquistas já alcançadas no passado, mas não sinaliza nenhum
compromisso para o futuro – disse a ex-senadora.
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