O
Presidente moçambicano, Armando Guebuza, defendeu hoje a desmilitarização
urgente da RENAMO e pediu às confissões religiosas para ajudarem na
"implementação efetiva" do acordo de paz recentemente assinado, que
pôs termo a instabilidade no país.
O
apelo de Armando Guebuza foi feito num comício realizado na Praça da Paz, em
Maputo, por ocasião do 22.º Aniversário do Acordo de Roma, que pôs fim à guerra
civil de 16 anos entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo),
principal partido da oposição, que a partir de hoje voltou a participar nas
cerimónias de Estado, após quase 20 anos de boicote.
Num
discurso centrado nos desafios que o recente acordo de cessação de hostilidades
impõe ao país, o chefe de Estado moçambicano pediu às igrejas existentes em
Moçambique para auxiliarem às autoridades a garantir a implementação do pacto
"no seu espírito e letra, sem subterfúgios nem delongas".
"Queremos
continuar a contar com a vossa participação na superação dos desafios que o
acordo de cessação de hostilidades nos impõe como um povo, como uma Nação. O
primeiro destes desafios prende-se com a sua implementação efetiva",
disse.
Armando
Guebuza sublinhou que a sua aspiração é "um desafio que tem subjacente o
processo de desmilitarização, desmobilização e reintegração das forças
residuais da Renamo, por um lado, na vida civil, em atividades económicas e
sociais, e, por outro lado, nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique e na
Polícia da República de Moçambique, para que este partido político se conforme
com os ditames da Constituição da República de Moçambique".
"Temos
agora a grande responsabilidade de assegurar a implementação deste Acordo, no
seu espírito e letra, sem subterfúgios nem delongas. O nosso Governo tem estado
a fazer a sua parte neste sentido", nomeadamente "incutindo o valor
da paz e de reconciliação nacional no seio do nosso povo, liderando e
mobilizando mais vontades e atores para a reflexão sobre o estabelecimento,
estruturação, funcionamento e financiamento de um Fundo da Paz e Reconciliação
Nacional, e continuando com o diálogo com a Renamo e facilitando o trabalho dos
observadores militares internacionais".
A
cerimónia de 04 de outubro na Praça da Paz foi pouco concorrida se comparada
com a do último ano. Na plateia havia quase que exclusivamente membros da
Frelimo e alguns fiéis das confissões religiosas, a quem Armando Guebuza pediu
para continuarem a rezar para que as eleições de 15 de outubro sejam
"marcadas por civismo, festa e convívio entre os moçambicanos".
"Nada,
mas nada mesmo, pode justificar o vilipêndio, a chacota, a violência ou a
destruição de bens", durante o processo eleitoral, disse o chefe de Estado
moçambicano, numa alusão à recente violência eleitoral registada em três
províncias do país.
Pelo
menos quatro membros seniores da Renamo, incluindo o porta-voz do partido,
António Muchanga, e o chefe da delegação do principal partido da oposição nas
negociações de paz com o Governo, Saimone Macuiane, participaram no evento, mas
não tiveram direito à palavra devido à quebra do protocolo que os deixou
surpreendidos.
Uma
marcha que havia sido marcada pela Comunidade Santo Egídio, da Itália, e que
devia desaguar na Praça da Paz, também acabou por não se realizar e não houve
explicações à imprensa.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário