terça-feira, 7 de outubro de 2014

Portugal: Milhares de alunos ainda sem professores na terceira semana de aulas



Kátia Catulo – jornal i

Serão cerca de 400 professores que podem vir a trocar de escolas. O erro do ministério sentiu-se ontem um pouco por todo o país

O ano lectivo entrou na quarta semana e alguns milhares de alunos continuam sem aulas a várias disciplinas. Há professores que ainda não foram colocados e também algumas centenas de contratados que ontem já não foram à escola onde estavam há três semanas, deixando as suas turmas.

Na Escola Óscar Lopes, em Matosinhos, estão 16 professores por colocar e a câmara municipal estima que no resto do concelho o número de alunos sem aulas ultrapasse os 3 mil. Na Secundária Eça de Queiroz, Póvoa de Varzim, faltam dez professores. Em Lisboa, a Escola Básica Francisco Arruda fechou as portas durante todo o dia de ontem. São 23 os docentes que estão em falta e a direcção decidiu mandar as crianças para casa, esperando que hoje já seja possível retomar as actividades. No agrupamento Dr. Costa Matos, em Gaia, há sete professores em licença de paternidade ou baixa médica que ainda não foram substituídos, uma professora de espanhol que ainda não chegou e mais uma professora de História do 3.o ciclo que, com a nova lista de colocados, deixou a sua turma para dar aulas noutro agrupamento.

São algumas das consequências do erro do Ministério da Educação e da anulação das primeiras listas da bolsa de contratação. Na passada sexta-feira, a tutela solicitou aos directores de escolas com contrato de autonomia e territórios educativos de intervenção prioritária que revogassem as listas de candidatos e anulassem quase 900 colocações que foram conhecidas a 13 de Setembro. Horas depois chegaram as novas ordenações já com base numa outra fórmula matemática.

Nas novas listas, segundo o ministério, "mais de metade" dos candidatos mantiveram a colocação. Cerca de 250 professores contudo mudaram para outra escola que tinham indicado ser da sua preferência e 150 ficaram sem lugar, podendo vir a ser colocados em fases posteriores do concurso, segundo as garantias do ministério. São portanto cerca de 400 docentes que, quase um mês após as aulas começarem, vão trocar de turma e de escola. Isto sem contar com os professores que tinham até à meia-noite de hoje para decidir se mudam ou se ficam no mesmo estabelecimento de ensino.

A Associação Nacional dos Professores Contratados admitiu, no domingo, que "o caos nas escolas" se mantenha, ao longo da semana, lamentando que ainda não tenha sido este ano que se assistiu "à normalidade no arranque" do ano lectivo.

E a Associação de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas pediu ontem à tutela que esclareça se os directores agiram "com legitimidade" ao anularem as colocações do concurso da bolsa de contratação. Isto porque defendem que a decisão não é da sua competência e pode ter consequências judiciais. "O parecer que solicitámos diz que não temos legitimidade para revogar um acto administrativo que não é da nossa autoria", explicou ao i Filinto Lima, adiantando que os directores pediram à tutela esclarecimentos com carácter de urgência.

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