terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Ministro do Petróleo timorense confirma "conversas muito interessantes" com a Woodside




Díli, 16 fev (Lusa) - O ministro do Petróleo e dos Recursos Naturais timorense confirmou hoje que estão a decorrer "conversas muito interessantes" com a australiana Woodside Petroleum sobre o futuro da exploração de gás no poço Greater Sunrise.

"Sobre o Greater Sunrise posso dizer que estamos em conversas muito interesses com a companhia australiana. Tivemos quatro ou cinco encontros muito profissionais durante os quais mostrámos os estudos que temos feito", disse à Lusa Alfredo Pires.

O governante falava à Lusa depois de tomar posse como membro do VI Governo Constitucional onde, ao contrário do que chegou a ser noticiado, mantém a pasta que tinha anteriormente.

Pires referiu que o diálogo com a Woodside é mais sobre "assuntos técnicos e comerciais", remetendo para o diálogo "governo a governo" outros assuntos, quer o recém-criado Conselho Marítimo quer as negociações sobre fronteiras marítimas.

Este mês a Woodside Petroleum apelou aos dois Governos para que resolvam a incerteza sobre as fronteiras marítimas, que mantém em dúvida a gestão de um projeto de gás avaliado em mais de 13 mil milhões de dólares.

Além da fronteira marítima em si, está em jogo uma proposta do Governo timorense que pretende que todo o apoio logístico ao Greater Sunrise, incluindo uma unidade de processamento de Gás Natural Liquefeito (GLN), seja instalado na costa sul da ilha.

Fontes do setor indicaram à Lusa que a empresa australiana poderia estar "mais aberta" à opção on-shore, apesar de dúvidas dos parceiros do projeto, que incluem a ConocoPhillips e a Royal Dutch Shell.

Em causa em todo este processo está o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), que Timor-Leste declarou ser inválido devido a atividades de espionagem por parte da Austrália, mas mediante o qual as royalties do campo de 5.1 triliões de pés cúbicos de gás do Sunrise seriam divididas ao meio entre os dois países.

Caso uma fronteira marítima seja definida o campo poderia ficar totalmente em águas timorenses.

"Isso é uma questão do Governo. As posições de Timor continuam a ser as mesmas. E ouvimos hoje do novo Governo que isso vai continuar", disse Alfredo Pires.

"Temos que garantir é que isto funciona ao serviço do país. E mesmo que mude o governo daqui a dois anos e a questão das fronteiras não se resolva, terá que continuar na agenda. É uma questão de Estado", disse.

No seu discurso de tomada de posse o primeiro-ministro timorense Rui Maria Araújo afirmou que uma das prioridades do Governo é "à luz do Direito Internacional, assegurar a definição clara das fronteiras marítimas e também terrestres".

"O primeiro-ministro vai presidir o Conselho para a Delimitação Definitiva das Fronteiras Marítimas, aprovado no Parlamento Nacional no final do ano passado, com vista a que o povo de Timor-Leste possa exercer efetivamente poderes de soberania sobre o território nacional e sobre a zona marítima", disse.

Recorde-se que no final de janeiro o Governo timorense considerou que a criação do Conselho Marítimo, cuja legislação entrou em vigor este ano, reafirma a determinação de Timor-Leste definir "de uma vez por todas" as suas fronteiras marítimas.

O executivo timorense refere-se, em particular, às negociações entre Timor-Leste e a Austrália, considerando que os dois países "têm a obrigação de chegar a um acordo final sobre a delimitação marítima das suas fronteiras, em que as atuais disposições provisórias não prejudiquem ou ponham em causa a conclusão do acordo final."

A lei sobre a criação do Conselho para a Delimitação Definitiva das Fronteiras Marítimas (CDFFM) foi promulgada no passado dia 14 de janeiro.

O CDFFM será encabeçado pelo primeiro-ministro de Timor-Leste e incluirá ex-chefes de Governo e ex-chefes de Estado além de outras "personalidades eminentes e qualificadas".

Recorde-se que, até aqui, as atividades no Mar de Timor, que se estende entre as margens de Timor-Leste e a Austrália, se regem por disposições provisórias sob a forma de três tratados.

São eles o Tratado do Mar de Timor [TMT], o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS, "que Timor-Leste declarou ser inválido devido a atividades de espionagem por parte da Austrália") - e o Acordo Internacional de Unificação [AIU].

ASP // EL

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