As estatísticas
demonstram que nos últimos tempos aumentou a incidência de câncer em todo o
Brasil. Quem tiver dúvidas nesse sentido deve acompanhar os números que volta e
meia são divulgados, inclusive com as projeções apresentadas pelo Ministério da
Saúde. Além disso, é mais do que necessário saber as causas desse crescimento.
Um deles, segundo especialistas, se deve ao uso de herbicidas nas plantações e
até mesmo às sementes transgênicas, produto este fabricado pela Monsanto, que
provoca não só danos à saúde como ao meio ambiente.
No Mato Grosso, um
sindicato rural obteve uma importante vitória, informação praticamente omitida
pelos principais órgãos de imprensa nacionais. Os agricultores ganharam na
Justiça daquele Estado uma ação contra a multinacional Monsanto, empresa de
origem estadunidense que obriga os compradores de suas sementes de soja
transgênica a firmar acordos restritivos antes da aquisição do produto que,
segundo os agricultores, ataca os cultivos de muitas áreas do país, provocando
graves perdas na colheita.
A partir da
sentença, ocorrida na semana passada, a Monsanto é obrigada a pagar multa de
cerca de 200 mil reais toda vez que não cumprir a decisão judicial válida em
todo o território do Mato Grosso.
A Monsanto,
defendida por setores que só têm compromissos com o capital, age há tempos no
Brasil de forma lesiva aos interesses dos agricultores, sobretudo do setor
familiar que abastece a maioria do mercado brasileiro. Quem aceita as
exigências da Monsanto e compra as sementes dá também o direito à empresa
multinacional de inspecionar a propriedade a qualquer momento, bem como se
compromete a não entrar em conflito com a mesma.
Para a Justiça do
Mato Grosso, a Monsanto se aproveita da condição de ser a única a prover um
produto, Intacta RR2, para obrigar os agricultores a cumprir cláusulas
excessivas e ilegais.
Por estas e muitas
outras, inclusive a responsabilidade no aumento da incidência de câncer, a
Monsanto é uma das corporações mais detestada pelos agricultores em todo o
mundo e tornou-se uma empresa símbolo de controle corporativo sobre os
alimentos e a agricultura.
E não é de hoje que
a multinacional está sob suspeita. Foi multada por procedimentos lesivos, em
agosto de 2011. A Justiça brasileira a condenou a pagar 500 mil reais de multa
por ter utilizado propaganda enganosa ao promover uma soja transgênica.
É muito importante
os brasileiros serem informados sobre as falcatruas da Monsanto, inclusive para
não deixarem se iludir pelo noticiário da mídia de mercado, que criminaliza os
movimentos sociais, sobretudo na área rural, toda vez que promovem algum
protesto contra a ação nefasta da multinacional, que também conta com o apoio
dos poderosos do setor agrupados na Confederação Nacional da Agricultura (CNA),
presidida pela Senadora Katia Abreu, que está para ingressar no PMDB.
Já na área
internacional, o jornal New York Times, considerado o mais importante da
atualidade, apresentou matéria requentada desancando contra o diplomata José
Bustani, atual embaixador brasileiro na França.
Com base em
repetida mentira, o jornal estadunidense considerou Bustani incompetente quando
em 2002 dirigia a Organização para a Proibição de Armas Químicas, agraciada com
o Prêmio Nobel da Paz de 2013.
O jornal mentiu ao
informar que Bustani foi demitido porque o governo de George W. Bush não estava
satisfeito com o seu estilo de administrar. A informação, segundo o NYT, teria
sido comunicada a Bustani pelo então subsecretário de Estado e ex-embaixador
dos EUA na ONU, John Bolton.
Mentira e
deturpação de um fato histórico. José Bustani foi demitido exatamente porque
insistia para que o Iraque fosse incorporado ao Tratado das Armas Químicas, o
que atrapalhava os planos de guerra do governo Bush.
Bustani tentou de
todas as formas evitar o que mais tarde aconteceu, ou seja, a invasão e
ocupação do Iraque, com reflexos até hoje. O diplomata brasileiro atrapalhava
os planos do governo militarista de Bush, pois queria, desde o final de 2001,
que o Iraque e a Líbia assinassem a Convenção das Armas Químicas, o tratado
internacional cuja aplicação é supervisionada pela Organização para Proibição
de Armas Químicas, conforme desejo dos dois respectivos governos da época.
Em resumo, Bustani
apontava para a paz, enquanto Bush para a guerra, tendo até inventado a
história das armas de destruição em massa do Iraque.
E agora, 11 anos
depois, aparece o New York Times com matéria mentirosa, que na prática tenta
defender apenas os que sempre quiseram a guerra.
Já o governo
belicista de Israel está tentando impedir que haja um acordo com o Irã para
terminar de uma vez por todas com o clima de tensão. O premier israelense
Benyamin Netanyahu está alinhado ao que há de mais retrógrado no espectro
político estadunidense. Ou seja, está vinculado ao complexo industrial militar,
que não pode ouvir falar em acordos de paz. Israel se alinha com dois
republicanos da Flórida, o senador Marco Rubio e a deputada Ileana
Ros-Lehtinen, que querem a continuidade das sanções contra Teerã.
É correspondente no
Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da
Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o
Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros,
de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
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autor em Direto da Redação
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