quinta-feira, 24 de outubro de 2013

MULTINACIONAL QUE FAZ MAL AO BRASIL

 


 Mário Augusto Jakobskind - Direto da Redação
 
As estatísticas demonstram que nos últimos tempos aumentou a incidência de câncer em todo o Brasil. Quem tiver dúvidas nesse sentido deve acompanhar os números que volta e meia são divulgados, inclusive com as projeções apresentadas pelo Ministério da Saúde. Além disso, é mais do que necessário saber as causas desse crescimento. Um deles, segundo especialistas, se deve ao uso de herbicidas nas plantações e até mesmo às sementes transgênicas, produto este fabricado pela Monsanto, que provoca não só danos à saúde como ao meio ambiente.
 
No Mato Grosso, um sindicato rural obteve uma importante vitória, informação praticamente omitida pelos principais órgãos de imprensa nacionais. Os agricultores ganharam na Justiça daquele Estado uma ação contra a multinacional Monsanto, empresa de origem estadunidense que obriga os compradores de suas sementes de soja transgênica a firmar acordos restritivos antes da aquisição do produto que, segundo os agricultores, ataca os cultivos de muitas áreas do país, provocando graves perdas na colheita.
 
A partir da sentença, ocorrida na semana passada, a Monsanto é obrigada a pagar multa de cerca de 200 mil reais toda vez que não cumprir a decisão judicial válida em todo o território do Mato Grosso.
 
A Monsanto, defendida por setores que só têm compromissos com o capital, age há tempos no Brasil de forma lesiva aos interesses dos agricultores, sobretudo do setor familiar que abastece a maioria do mercado brasileiro. Quem aceita as exigências da Monsanto e compra as sementes dá também o direito à empresa multinacional de inspecionar a propriedade a qualquer momento, bem como se compromete a não entrar em conflito com a mesma.
 
Para a Justiça do Mato Grosso, a Monsanto se aproveita da condição de ser a única a prover um produto, Intacta RR2, para obrigar os agricultores a cumprir cláusulas excessivas e ilegais.
 
Por estas e muitas outras, inclusive a responsabilidade no aumento da incidência de câncer, a Monsanto é uma das corporações mais detestada pelos agricultores em todo o mundo e tornou-se uma empresa símbolo de controle corporativo sobre os alimentos e a agricultura.
 
E não é de hoje que a multinacional está sob suspeita. Foi multada por procedimentos lesivos, em agosto de 2011. A Justiça brasileira a condenou a pagar 500 mil reais de multa por ter utilizado propaganda enganosa ao promover uma soja transgênica.
 
É muito importante os brasileiros serem informados sobre as falcatruas da Monsanto, inclusive para não deixarem se iludir pelo noticiário da mídia de mercado, que criminaliza os movimentos sociais, sobretudo na área rural, toda vez que promovem algum protesto contra a ação nefasta da multinacional, que também conta com o apoio dos poderosos do setor agrupados na Confederação Nacional da Agricultura (CNA), presidida pela Senadora Katia Abreu, que está para ingressar no PMDB.
 
Já na área internacional, o jornal New York Times, considerado o mais importante da atualidade, apresentou matéria requentada desancando contra o diplomata José Bustani, atual embaixador brasileiro na França.
 
Com base em repetida mentira, o jornal estadunidense considerou Bustani incompetente quando em 2002 dirigia a Organização para a Proibição de Armas Químicas, agraciada com o Prêmio Nobel da Paz de 2013.
 
O jornal mentiu ao informar que Bustani foi demitido porque o governo de George W. Bush não estava satisfeito com o seu estilo de administrar. A informação, segundo o NYT, teria sido comunicada a Bustani pelo então subsecretário de Estado e ex-embaixador dos EUA na ONU, John Bolton.
 
Mentira e deturpação de um fato histórico. José Bustani foi demitido exatamente porque insistia para que o Iraque fosse incorporado ao Tratado das Armas Químicas, o que atrapalhava os planos de guerra do governo Bush.
 
Bustani tentou de todas as formas evitar o que mais tarde aconteceu, ou seja, a invasão e ocupação do Iraque, com reflexos até hoje. O diplomata brasileiro atrapalhava os planos do governo militarista de Bush, pois queria, desde o final de 2001, que o Iraque e a Líbia assinassem a Convenção das Armas Químicas, o tratado internacional cuja aplicação é supervisionada pela Organização para Proibição de Armas Químicas, conforme desejo dos dois respectivos governos da época.
 
Em resumo, Bustani apontava para a paz, enquanto Bush para a guerra, tendo até inventado a história das armas de destruição em massa do Iraque.
 
E agora, 11 anos depois, aparece o New York Times com matéria mentirosa, que na prática tenta defender apenas os que sempre quiseram a guerra.
 
Já o governo belicista de Israel está tentando impedir que haja um acordo com o Irã para terminar de uma vez por todas com o clima de tensão. O premier israelense Benyamin Netanyahu está alinhado ao que há de mais retrógrado no espectro político estadunidense. Ou seja, está vinculado ao complexo industrial militar, que não pode ouvir falar em acordos de paz. Israel se alinha com dois republicanos da Flórida, o senador Marco Rubio e a deputada Ileana Ros-Lehtinen, que querem a continuidade das sanções contra Teerã.
 
É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
 
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