Lisboa, 12 jan
(Lusa) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) lança esta semana
as sementes de um projeto que visa atenuar o desconhecimento que ainda existe
sobre a organização, envolvendo alunos das escolas básicas dos oito
Estados-membros.
O projeto CPLP nas
Escolas "é um projeto bandeira da comunidade, que pretende levar às
gerações mais jovens, de forma ainda um pouco lúdica, mas também com alguns
aspetos bastante sérios, um conhecimento mais profundo sobre o que é a
CPLP", explicou hoje à Lusa o diretor de Cooperação da organização
lusófona.
Criada em 1996 e
abrangendo os oito países de língua oficial portuguesa (Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste),
a CPLP é ainda pouco conhecida pelas populações dos Estados-membros, algo que o
programa agora anunciado pretende combater.
A ideia surgiu já
em 2009, para responder à constatação de que "nos níveis escolares havia
ainda um relativo desconhecimento sobre a CPLP", lembrou Lapão.
Numa fase piloto, o
projeto abrangerá alunos de 12 e 13 anos de pelo menos 16 escolas, duas por
Estado-membro, que começarão "a ouvir falar de matérias importantes da
comunidade para que se tornem, quando crescerem, cidadãos um pouco mais
conhecedores" da realidade da CPLP e do que ela representa.
"Há aspetos
que nos unem, mas também há aspetos que nos afastam e o que se pretende é que
cada escola envolvida transmita o que é a sua realidade específica" em
matérias como direitos humanos, saúde e higiene básica escolar, língua
portuguesa, matemática ou ambiente, "sempre numa lógica de educação para a
cidadania e para o desenvolvimento".
A unir as várias
escolas haverá uma plataforma eletrónica, construída pela Universidade de
Aveiro, e nela os alunos irão responder a desafios que a CPLP irá colocar,
explicou Lapão.
Numa primeira fase,
ainda em curso, a plataforma será municiada de informação genérica sobre os
temas em causa (o que são direitos humanos ou higiene escolar) e numa segunda
fase as crianças deverão identificar, nos seus contextos, como é que os
interpretam, através de desenhos, pinturas murais ou canções, por exemplo.
Esses trabalhos
serão colocados 'online' - a cada escola será entregue uma máquina fotográfica
e de vídeo - e numa terceira fase os alunos comentarão e compararão as
realidades das várias escolas.
Já esta semana,
entre segunda e quarta-feira, começa em Lisboa uma ação de capacitação de
responsáveis dos vários Ministérios da Educação, que depois replicarão a
formação junto de professores das escolas selecionadas para que estes possam
trabalhar com os alunos em causa.
"Vai tentar
preparar-se tudo para começar no próximo ano letivo" o trabalho no
terreno, explicou Manuel Lapão.
Para já financiado
pela CPLP, o projeto conta com o alto patrocínio da Presidência da República de
Portugal e tem o apoio diplomático dos restantes Estados-membros.
A CPLP espera agora
que esta fase piloto "permita verificar a utilidade do instrumento e
alargá-lo a outras escolas, já que a plataforma tanto serve 16 escolas como
servirá 100".
A longo prazo, o
objetivo é alterar os curricula dos Estados-membros para que neles passe a
constar a obrigação de ministrar matérias relacionadas com CPLP, algo que
Manuel Lapão não espera que aconteça antes de 2016.
FPA // SB - Lusa
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