O
ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste garante, em declarações à
TSF, que respeita o poder judicial, mas prefere pessoas mais experientes. José
Luís Guterres justifica assim a ordem de expulsão de sete funcionários
portugueses.
Timor-Leste
quer pessoas com mais capacidade, profissionalismo e que defendam os interesses
nacionais. É a explicação avançada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de
Díli depois da ordem de expulsão de sete funcionários judiciais portugueses:
cinco juízes, um procurador e um antigo oficial da PSP, que têm 48 horas para
deixar Timor-Leste.
Entrevistado
esta manhã na TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste garante
que as portas de Díli continuam abertas a todos os portugueses, mas o governo
timorense quer profissionais mais qualificados.
O
governante negou ainda que a ordem de expuslão esteja relcaionada com uma
investigação por alegados casos de corrupção que envolvem responsáveis
políticos timorenses. José Luís Guterres adianta que Xanana Gusmão já falou com
Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho para explicar a situação.
Também
ouvido esta manhã pela TSF, o presidente da Fretilin, Francisco Guterres,
conhecido popularmente como Lu Olo, quer explicações do governo de Xanana
Gusmão.
Lu
Olo adianta que já esteve hoje reunido com o presidente da República, José
Maria de Vasconcelos, conhecido por Taur Matan Ruak, e que o chefe de Estado
prometeu intervir junto de Xanana Gusmão para tentar encontrar uma solução que
trave a expulsão dos magistrados portugueses.
A
TSF apurou junto do Tribunal de Recurso de Timor que amanhã o juiz presidente
vai reunir-se com o Presidente da República de Timor. Até lá, Guilhermino da
Silva que, de acordo com o jornal Público, contestou na semana passada a
decisão do governo não renovar os contratos dos magistrados, não vai prestar
declarações. Uma informação confirmada à TSF por fonte da secretaria do
Tribunal de Recurso de Timor.
Ontem
à noite, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, deu conta
da profunda preocupação e desconforto com a decisão do governo timorense, que
considera grave. O Governo português anunciou que vai reavaliar os programas de
cooperação com Timor-Leste, nas áreas da Justiça e da luta contra a corrupção.
O
Conselho Superior de Magistratura vai analisar esta terça-feira a decisão do
governo timorense. O assunto foi incluído com caráter de urgência no plenário
marcado para hoje. Os funcionários judiciais investigavam casos de alegada
corrupção, que envolveram responsáveis políticos timorenses.
A
TSF contactou também esta manhã Pedro Bacelar Vasconcelos, que ajudou a redigir
a Constituição de Timor. O constitucionalista diz não ver nesta polémica
qualquer violação do princípio constitucional da separação de poderes.
Pedro
Bacelar Vasconcelos considera «aberrante» o prolongamento de uma situação
transitória em que magistrados estrangeiros decidem nos tribunais de Timor.
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