terça-feira, 4 de novembro de 2014

São Tomé e Príncipe: PR aguarda serenamente que seja feita a vontade da ADI




A vontade do partido vencedor das eleições legislativas de 12 de Outubro, em só constituir Governo após a tomada de posse dos deputados a Assembleia Nacional, quebra uma regra que vigora desde  1991 até 2010.

Excepção feita as eleições legislativas de Novembro de 1998, que deram maioria absoluta ao MLSTP com 32 assentos no parlamento. Naquele ano, os deputados a Assembleia Nacional foram investidos no dia 2 de Janeiro de 1999, e o então Presidente Miguel Trovoada deu posse ao Governo no dia 25 de Janeiro de 1999.

Uma excepção a regra que deveu-se ao facto de após a publicação dos resultados eleitorais, o então Presidente da República ter-se ausentado do país por mais de um mês. Só depois do regresso começou a negociar a formação do novo Governo.

Em todas as outras eleições legislativas realizadas no país, o Governo tomou posse primeiro e depois a Assembleia Nacional seguindo as normas do seu regimento.

No passado dia 27 de Outubro, numa carta enviada ao Presidente da ADI, partido vencedor das eleições legislativas, o Presidente da República aludindo aos resultados definitivos divulgados pelo Tribunal Constitucional, convidou o Presidente da ADI, para «propor, no prazo de 48 horas, a individualidade para o cargo de Primeiro-ministro e Chefe do XVI Governo Constitucional», lê-se numa cópia da carta que a Casa Civil do Presidente da República distribuiu a imprensa presente no Palácio do Povo na quarta – feira.

«A carta de sua excelência Presidente da República para o ADI no dia 27 solicitava apenas a proposta da individualidade para o cargo de Primeiro-ministro e Chefe do Governo. Em nenhum momento foram solicitados nomes para compor os  ministros do Governo. Isso é uma tarefa do Primeiro-ministro», explicou Amaro Couto, Chefe da Casa Civil do Presidente da República.

No dia seguinte, o Presidente da República recebeu a resposta da ADI, que recusou apresentar o nome da individualidade para ser primeiro-ministro, alegando que em primeiro lugar os deputados devem ser investidos, para depois iniciar os procedimentos com vista a nomeação do Primeiro-ministro e a formação do novo Governo.

A casa civil do Presidente da República, fez questão de explicar que os passos dados pelo Presidente da República desde a publicação dos resultados definitivos das eleições, com a audição dos partidos políticos e o pedido do nome da individualidade do partido vencedor das eleições, estão plasmados na Constituição da República de São Tomé e Príncipe.

«O país está parado, e estamos por cima com um governo de gestão que não tem poder de decisão, e estamos no último trimestre do ano. Esse contexto todo, aconselha que se tenha um governo com capacidade para decidir. Temos Dezembro a porta, há problemas com o décimo terceiro mês, há problemas com o Orçamento Geral do Estado que deve ser aprovado, e há outros assuntos que exigem capacidade de decisão que o actual governo não tem. São todas essas preocupações que levaram o Presidente da República a solicitar a ADI a indicação de uma individualidade para o cargo de primeiro-ministro. Para começar a movimentar os assuntos de modo a que o país tenha um governo em condições normais» afirmou Amaro Couto.

O Chefe da Casa Civil do Presidente da República aproveitou para recordar que na mensagem do Chefe de Estado à nação na véspera das eleições, deu a sua palavra de honra que «no dia seguinte ao conhecimento dos resultados das eleições, cumpriria a constituição no sentido de empossar o novo governo com maior rapidez possível a fim de permitir a continuação dos esforços do desenvolvimento económico e social do país com vista a melhor atender as aspirações do povo de STP», fim de citação.

Tendo havido consenso no seio da Assembleia Nacional, de que a lei determina claramente que os deputados tomam posse no trigésimo dia após a divulgação dos resultados eleitorais, o que contraria a vontade da ADI, em reduzir o tempo para a investidura dos deputados, o Chefe de Estado são-tomense, decidiu esperar que a outra vontade da ADI seja feita. Isto é, que o nome do próximo Primeiro-ministro seja enviado ao Palácio do Povo, depois da investidura dos deputados no dia 22 de Novembro próximo.

«O Presidente da República, portanto fica a espera que os deputados tomem posse para que o ADI possa propor a individualidade para ser nomeada Primeiro-ministro. A estabilidade é o principal factor para a política em STP, pelo que o Presidente da República aguarda serenamente que cada um faça a sua parte, sendo que o Presidente da República vai nomear o Primeiro-ministro que for proposto pelo ADI, quando o ADI entender que estão criadas as condições para fazer a proposta da individualidade para Primeiro-ministro», concluiu o Chefe da Casa Civil de Pinto da Costa.

Abel Veiga – Téla Nón

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