Díli,
11 mar (Lusa) - O primeiro-ministro timorense recordou hoje o comandante das
Falintil, Konis Santana, quando se cumprem 17 anos da sua morte, lamentando que
o aniversário coincida com uma operação conjunta para travar os que "traem
os ideais" da independência.
"Um
crime contra o Estado, independentemente de todas as razões por detrás dele,
constitui uma traição aos ideais porque se lutou" em Timor-Leste, disse à
Lusa Rui Maria Araújo.
Rui
Araújo quis homenagear, em nome do Governo, Konis Santana, um "herói
nacional" que trabalhou para libertar a nação timorense, considerando que
todos devem "recordar os heróis da pátria e os valores que
defenderam" e atuar diariamente "para manter vivos esses ideais".
O
chefe do Governo falava à Lusa um dia depois do Governo timorense aprovar uma
resolução que autoriza uma operação conjunta da polícia (PNTL) e das Forças
Armadas (F-FDTL) para "prevenir e reprimir a atuação criminosa de grupos
ilegais que estão a causar instabilidade no país".
Medidas
de repressão e prevenção para evitar que ataques semelhantes ao de domingo na
esquadra da vila de Baguia, que feriu quatro agentes policiais, se repitam
noutros pontos do país.
O
Governo atribui responsabilidade pelos ataques de domingo ao ex-guerrilheiro
Mauk Moruk e Rui Araújo lamentou hoje que envolva pessoas "que estiveram
nas mesmas trincheiras que os grandes heróis como Nino Konis Santana".
"Mas
uma coisa é certa, se há crime contra o Estado, o Estado tem que atuar. E neste
caso os órgãos de soberania estão conscientes e sensíveis ao facto de que
pessoas que contribuíram para a libertação do país, estão agora no outro lado
da barreira a cometer crimes", afirmou.
Sexto
comandante das Falintil, Nino Konis Santana (Antoninho Santana) nasceu em 1957
na aldeia de Vero, na ponta leste de Timor-Leste onde foi professor até à
invasão indonésia, em 1975.
Juntou-se
à luta armada na ponta leste e, em 1993, Konis Santana assumiu o comando das
Falintil, substituindo Ma'Hunu que foi capturado, poucos meses depois de ter
substituído Xanana Gusmão, também capturado.
Rogério
Lobato, que foi ministro da Defesa da República Democrática de Timor-Leste,
declarada unilateralmente pela FRETILIN em 28 de novembro de 1975, Xavier do
Amaral, capturado em 1978, e Nicolau Lobato, morto em combate em 31 de dezembro
de 1978, foram os primeiros comandantes das FALINTIL.
Responsável
pela reorganização da resistência, com o estabelecimento do Conselho Executivo
da Luta Armada e da Frente Clandestina, Konis viveu os últimos anos da sua vida
na região de Ermera.
Foi
ali que, debaixo de um oratório dedicado a N. S. de Fátima, montou um
esconderijo - uma sala, um quarto e uma casa-de-banho - onde viveu seis anos,
comandando as forças no terreno através de 'caixas', os estafetas que serviam
de correio para as mensagens da luta.
Apesar
de Konis Santana ter morrido a 11 de março, vítima de uma queda quando se
dirigia a um abrigo, a sua morte só foi conhecida fora de Timor-Leste a 30 de
março.
Uma
mensagem em rádio, feita em nome do sucessor de Konis Santana como chefe do
Estado-Maior da Falintil, Taur Matan Ruak - hoje Presidente da República -
anunciou nesse dia, ao povo timorense, a morte de Konis Santana.
Em
2007 o Governo timorense criou o Parque Natural Konis Santana, que engloba o
ilhéu sagrado de Jaco, na ponta leste do país e que está inserido no
sub-distrito de Tutuala, de onde era natural o comandante das Falintil.
Em
2012 as principais figuras do Estado timorense participaram na transladação dos
restos mortais do ex-comandante para o Jardim dos Heróis em Metinaro, a leste
de Díli.
Além
de Nino Konis Santana, foram traslados para o mesmo local, a cerca de 30
quilómetros de Díli, Hermenegildo Augusto Pereira Alves (Busa), Carlos César
dos Mártires de Carvalho Correia (César Maulaka), Aníbal Araújo (Manu Coli),
Óscar Leopoldino Pereira Araújo (Manu Quei) e Artur Maria do Nascimento (Budu).
ASP
// DM
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