quarta-feira, 11 de março de 2015

PM timorense recorda Konis Santana e lamenta os que traíram ideias da independência




Díli, 11 mar (Lusa) - O primeiro-ministro timorense recordou hoje o comandante das Falintil, Konis Santana, quando se cumprem 17 anos da sua morte, lamentando que o aniversário coincida com uma operação conjunta para travar os que "traem os ideais" da independência.

"Um crime contra o Estado, independentemente de todas as razões por detrás dele, constitui uma traição aos ideais porque se lutou" em Timor-Leste, disse à Lusa Rui Maria Araújo.

Rui Araújo quis homenagear, em nome do Governo, Konis Santana, um "herói nacional" que trabalhou para libertar a nação timorense, considerando que todos devem "recordar os heróis da pátria e os valores que defenderam" e atuar diariamente "para manter vivos esses ideais".

O chefe do Governo falava à Lusa um dia depois do Governo timorense aprovar uma resolução que autoriza uma operação conjunta da polícia (PNTL) e das Forças Armadas (F-FDTL) para "prevenir e reprimir a atuação criminosa de grupos ilegais que estão a causar instabilidade no país".

Medidas de repressão e prevenção para evitar que ataques semelhantes ao de domingo na esquadra da vila de Baguia, que feriu quatro agentes policiais, se repitam noutros pontos do país.

O Governo atribui responsabilidade pelos ataques de domingo ao ex-guerrilheiro Mauk Moruk e Rui Araújo lamentou hoje que envolva pessoas "que estiveram nas mesmas trincheiras que os grandes heróis como Nino Konis Santana".

"Mas uma coisa é certa, se há crime contra o Estado, o Estado tem que atuar. E neste caso os órgãos de soberania estão conscientes e sensíveis ao facto de que pessoas que contribuíram para a libertação do país, estão agora no outro lado da barreira a cometer crimes", afirmou.

Sexto comandante das Falintil, Nino Konis Santana (Antoninho Santana) nasceu em 1957 na aldeia de Vero, na ponta leste de Timor-Leste onde foi professor até à invasão indonésia, em 1975.

Juntou-se à luta armada na ponta leste e, em 1993, Konis Santana assumiu o comando das Falintil, substituindo Ma'Hunu que foi capturado, poucos meses depois de ter substituído Xanana Gusmão, também capturado.

Rogério Lobato, que foi ministro da Defesa da República Democrática de Timor-Leste, declarada unilateralmente pela FRETILIN em 28 de novembro de 1975, Xavier do Amaral, capturado em 1978, e Nicolau Lobato, morto em combate em 31 de dezembro de 1978, foram os primeiros comandantes das FALINTIL.

Responsável pela reorganização da resistência, com o estabelecimento do Conselho Executivo da Luta Armada e da Frente Clandestina, Konis viveu os últimos anos da sua vida na região de Ermera.

Foi ali que, debaixo de um oratório dedicado a N. S. de Fátima, montou um esconderijo - uma sala, um quarto e uma casa-de-banho - onde viveu seis anos, comandando as forças no terreno através de 'caixas', os estafetas que serviam de correio para as mensagens da luta.

Apesar de Konis Santana ter morrido a 11 de março, vítima de uma queda quando se dirigia a um abrigo, a sua morte só foi conhecida fora de Timor-Leste a 30 de março.

Uma mensagem em rádio, feita em nome do sucessor de Konis Santana como chefe do Estado-Maior da Falintil, Taur Matan Ruak - hoje Presidente da República - anunciou nesse dia, ao povo timorense, a morte de Konis Santana.

Em 2007 o Governo timorense criou o Parque Natural Konis Santana, que engloba o ilhéu sagrado de Jaco, na ponta leste do país e que está inserido no sub-distrito de Tutuala, de onde era natural o comandante das Falintil.

Em 2012 as principais figuras do Estado timorense participaram na transladação dos restos mortais do ex-comandante para o Jardim dos Heróis em Metinaro, a leste de Díli.

Além de Nino Konis Santana, foram traslados para o mesmo local, a cerca de 30 quilómetros de Díli, Hermenegildo Augusto Pereira Alves (Busa), Carlos César dos Mártires de Carvalho Correia (César Maulaka), Aníbal Araújo (Manu Coli), Óscar Leopoldino Pereira Araújo (Manu Quei) e Artur Maria do Nascimento (Budu).

ASP // DM

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