quinta-feira, 30 de abril de 2015

Portugal. EMPRESAS COM MAIS SINDICALIZADOS TENDEM A PAGAR MELHOR




Estudo mostra que o chamado "prémio sindical" é elevado em Portugal, mas admite que é difícil perceber o que motiva a diferença de salários entre sectores mais ou menos sindicalizados.

Um estudo assinado por dois economistas do Banco de Portugal conclui que os sectores com mais trabalhadores sindicalizados têm, em média, salários mais elevados. O trabalho foi publicado recentemente no Instituto para o Estudo do Trabalho, com sede na Alemanha, e analisou os ordenados de quem trabalha nas empresas privadas e públicas.

Para além do "prémio sindical", os resultados mostram que apenas 11% dos trabalhadores das empresas portuguesas pertencem a um sindicato, uma média que sobe bastante em dois sectores: banca e transportes. Para além dessas áreas que são excepções, os 11% agora referidos são bastante menos do que diziam outros estudos e claramente abaixo daquilo que se verificava nas décadas de 1970, 1980 ou 1990.

A base de dados usada pelos investigadores resulta de um inquérito enviado anualmente pelo governo (dados de 2010 a 2012). Inclui 612 mil empresas e quase 2,8 milhões de trabalhadores.

Os resultados da análise feita revelam, por exemplo, que uma empresa com mais de metade dos trabalhadores sindicalizados tem, em média, salários perto de 60% acima daquelas onde ninguém pertence a um sindicato.

A diferença anterior poderia ser motivada pelas características dos trabalhadores destas empresas, com profissões eventualmente mais qualificadas. Os três investigadores que fizeram o trabalho (dois economistas portugueses, Pedro Portugal e Hugo Vilares; e um norte-americano, John T. Addison) testaram a hipótese anterior e concluíram que, se tivermos em conta essas características, mesmo assim o ganho nos salários ronda os 20%.

Nas conclusões, os autores do trabalho dizem que em Portugal "o prémio sindical", como lhe chamam, é bastante grande. A dúvida, questionam, é saber o que causa o quê. Ou seja, será a luta colectiva que potência os ordenados e os direitos de quem trabalha? Ou será que estes tendem a crescer mais em sectores e empresas mais "generosas ou permeáveis" às reivindicações dos funcionários?

Nuno Guedes - TSF - foto Global Imagens

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