quarta-feira, 9 de setembro de 2015

"Imaginem se fossem vocês, com os vossos filhos nos braços" – Jean-Claude Juncker




Juncker, o presidente da Comissão Europeia, foi aplaudido quando disse que a Europa representa "um lugar de esperança, um céu de estabilidade aos olhos de homens e mulheres no Médio Oriente e em África" e isso "deve ser um motivo de orgulho e não uma razão para ter medo".

João Francisco Guerreiro, em Estrasburgo - TSF

O presidente da Comissão Europeia defende que enquanto houver guerra na Síria e terror na Líbia a crise dos refugiados não vai desaparecer. No primeiro discurso sobre o Estado da União, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Junker argumentou que a Europa está a combater o Estado Islâmico e não pode recusar-se a receber as pessoas que fogem dos extremistas.

Junker considera uma prioridade da Europa acabar com a retórica e exigir acções concretas dos estados membros para o acolhimento de refugiados. Num discurso emotivo, o presidente da Comissão apela aos europeus para mostrarem compreensão perante o problema: "Imaginem, por um segundo, se fossem vocês, com os vossos filhos nos braços. O mundo que conhecem a desmoronar à vossa volta. Não haveria preço que não pagassem. Não haverá muro que vocês não subam, nem mar que não atravessem, nem fronteira que não cruzem, se houver uma guerra e a barbárie do chamado estado islâmico de que vocês estejam a fugir".

Por isso, Juncker pede aos europeus para não serem contraditórios. "Nós estamos a combater o estado islâmico", sublinha, deixando a pergunta: "Então porque não estamos preparados para aceitar aqueles que fogem ao Estado Islâmico? Nós temos de aceitar essas pessoas no território europeu".

O presidente da Comissão lembrou que os refugiados que querem ficar na europa representam 0,11 por cento de toda a população europeia e lembrou a história para apelar uma vez mais à sensibilidade dos europeus: "Devemos lembrar-nos bem que a Europa é um continente em que, quase todos, foram uma vez refugiados. A nossa história é marcada por milhões de europeus a fugirem da perseguição por motivos religiosos, da guerra, das ditaduras e da opressão".

Juncker sugeriu ainda que não se façam distinções de pessoas pela condição religiosa. "Estamos hoje a falar de seres humanos que vêm da Síria e da Líbia. E isto pode facilmente ser o caso da Ucrânia amanhã. Estaremos a fazer selecções e a distinguir entre cristãos, judeus, muçulmanos? Este continente provocou as piores experiências por distinguir na base de critérios religiosos. Não há religião, nem credo, nem filosofia quando se trata de refugiados que estão em fuga".

Por isso, o presidente da Comissão entende que ninguém pode ficar de braços cruzados: "Não há espaço para poemas, nem retórica. Acção é o que é preciso nos tempos que correm".

O presidente Comissão Europeia, no discurso sobre o estado da União, defende que a Europa tem a obrigação de dar acolhimento aos refugiados que procuram a segurança e a paz na Europa.

Foto: Leonhard Foeger/REUTERS

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