segunda-feira, 9 de junho de 2014

“USA violou durante demasiados anos os direitos humanos no mundo árabe”



Elena Suponina – Voz da Rússia

Duas importantes delegações palestinianas deverão visitar Moscou em junho, informou à Voz da Rússia uma fonte na direção da Palestina.

No dia 24 de junho, Mahmoud Abbas, presidente da Palestina, virá pela segunda vez este ano à capital russa. A 30 de junho, espera-se a chegada de uma delegação do Movimento de Resistência Islâmico (Hamas), dirigida por Khaled Meshaal, dirigente do Bureau Político do movimento.

Estas visitas, segundo os palestinianos, vão se realizar em uma situação geopolítica nova, que se formou sob a ação dos passos da Rússia face à crise ucraniana. Na direção de todas as organizações palestinianas diz-se abertamente que consideram que essas ações são uma manifestação de força e de novas possibilidades.

Semelhante opinião, por exemplo, foi revelada, em uma entrevista exclusiva à Voz da Rússia, por Osama Hamdan, membro do Bureau Político do Hamas, que, no movimento, responde pelas relações internacionais e assuntos externos:

Voz da Rússia: Fica-se com a impressão de que os árabes, mais ativamente que muitos, saúdam a reintegração da Crimeia na Rússia e que eles gostaram muito da ousadia de Moscou, que não teve medo da América. Como analisa o Hamas esta situação?

Osama Hamdan: A América violou durante demasiados anos os direitos humanos no mundo árabe. A maioria dos árabes está descontente com a política dos EUA. Os árabes sofreram muito devido a ela. Isso acontece e existe na Palestina, bem como também em outras regiões. Por isso, a sua observação é correta. Se alguém lança um desafio à América, os árabes começam imediatamente a sentir ainda mais simpatia por ele.

No que respeita à Crimeia, segundo a direção do movimento Hamas, há muitos momentos importantes. Um deles é o respeito da Rússia pela vontade do povo. A América ignora frequentemente esse princípio.

Os EUA atuam na região do Médio Oriente, tal como em muitas outras, partindo dos seus interesses egoístas. Embora se pudesse combinar esses interesses com o respeito pelos interesses dos povos que aí vivem. Mas não, os EUA não querem ter isso em conta. Os EUA querem continuar a pressionar e a ditar as suas condições. Enquanto que a Rússia, como vemos, tem em conta os interesses dos outros povos. E isso é muito importante.

A Crimeia também mostrou que se pode conseguir atingir os seus objetivos não obstante as difíceis condições externas, não obstante a pressão e não obstante os desejos dos EUA. A Rússia mostrou precisamente isso. Claro que isso não agrada à América. Mas já se formou uma realidade e esse é, talvez, um dos principais resultados positivos dos acontecimentos na Crimeia para os árabes.

Voz da Rússia: Para todos os árabes em geral ou para os palestinianos?

Osama Hamdan: Nós palestinianos, mais do que os outros, compreendemos o que significa a possibilidade de expressar os seus anseios e determinar o nosso destino no território em que vivemos. Nós somos precisamente oprimidos nesse campo. A América pode ser censurada também por não ter dado a possibilidade ao povo da Palestina de manifestar a sua opinião sobre o seu destino num referendo semelhante.

Os palestinianos também, tal como na Crimeia, poderiam determinar o seu futuro em um referendo. Mas os EUA ouvem apenas o que Israel lhes diz sobre isso. Esperamos que a Rússia possa desempenhar aqui um papel positivo. Tanto mais que os russos e os árabes, principalmente com os palestinianos, estão ligados por boas relações há muito tempo.

A Crimeia é um exemplo para muitos outros povos. Isso constitui uma mensagem para todo o mundo. Isso é um exemplo de como os problemas podem ser resolvidos através de referendo.

Voz da Rússia: Os norte-americanos tentaram, agora, conciliar israelitas e palestinianos, mas as conversações sob a égide dos EUA falharam. Talvez por isso tenha surgido a ideia do referendo?

Osama Hamdan: Considero que os americanos nunca tentaram a sério resolver o problema da Palestina. Isso era aparência. O lobby israelita pressiona fortemente nos EUA. E esse lobby não quer ouvir nada sobre a criação do Estado da Palestina.

Voz da Rússia: O que significa hoje para os árabes o regresso da Rússia ao Médio Oriente?

Osama Hamdan: Sem dúvida que os árabes sofreram muito devido ao fato do equilíbrio de forças na arena internacional ter caído fortemente, até aí, para o lado dos EUA. O renascimento e o reforço da Rússia criam mais possibilidades para os árabes e, concretamente, para os palestinianos também. No mundo árabe, atitude para com a Rússia é boa, estamos gratos pelo apoio ainda na era da URSS. Temos uma boa base para a coordenação de esforços e da interação.

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