Elena Suponina – Voz da
Rússia
Duas
importantes delegações palestinianas deverão visitar Moscou em junho, informou
à Voz da Rússia uma fonte na direção da Palestina.
No
dia 24 de junho, Mahmoud Abbas, presidente da Palestina, virá pela segunda vez
este ano à capital russa. A 30 de junho, espera-se a chegada de uma delegação
do Movimento de Resistência Islâmico (Hamas), dirigida por Khaled Meshaal,
dirigente do Bureau Político do movimento.
Estas
visitas, segundo os palestinianos, vão se realizar em uma situação geopolítica
nova, que se formou sob a ação dos passos da Rússia face à crise ucraniana. Na
direção de todas as organizações palestinianas diz-se abertamente que
consideram que essas ações são uma manifestação de força e de novas
possibilidades.
Semelhante
opinião, por exemplo, foi revelada, em uma entrevista exclusiva à Voz da
Rússia, por Osama Hamdan, membro do Bureau Político do Hamas, que, no
movimento, responde pelas relações internacionais e assuntos externos:
Voz
da Rússia: Fica-se com a impressão de que os árabes, mais ativamente que
muitos, saúdam a reintegração da Crimeia na Rússia e que eles gostaram muito da
ousadia de Moscou, que não teve medo da América. Como analisa o Hamas esta
situação?
Osama
Hamdan: A América violou durante demasiados anos os direitos humanos no
mundo árabe. A maioria dos árabes está descontente com a política dos EUA. Os
árabes sofreram muito devido a ela. Isso acontece e existe na Palestina, bem
como também em outras regiões. Por isso, a sua observação é correta. Se alguém
lança um desafio à América, os árabes começam imediatamente a sentir ainda mais
simpatia por ele.
No
que respeita à Crimeia, segundo a direção do movimento Hamas, há muitos
momentos importantes. Um deles é o respeito da Rússia pela vontade do povo. A
América ignora frequentemente esse princípio.
Os
EUA atuam na região do Médio Oriente, tal como em muitas outras, partindo dos
seus interesses egoístas. Embora se pudesse combinar esses interesses com o
respeito pelos interesses dos povos que aí vivem. Mas não, os EUA não querem
ter isso em conta. Os
EUA querem continuar a pressionar e a ditar as suas
condições. Enquanto que a Rússia, como vemos, tem em conta os interesses dos
outros povos. E isso é muito importante.
A
Crimeia também mostrou que se pode conseguir atingir os seus objetivos não
obstante as difíceis condições externas, não obstante a pressão e não obstante
os desejos dos EUA. A Rússia mostrou precisamente isso. Claro que isso não
agrada à América. Mas já se formou uma realidade e esse é, talvez, um dos
principais resultados positivos dos acontecimentos na Crimeia para os árabes.
Voz
da Rússia: Para todos os árabes em geral ou para os palestinianos?
Osama
Hamdan: Nós palestinianos, mais do que os outros, compreendemos o que
significa a possibilidade de expressar os seus anseios e determinar o nosso
destino no território em que vivemos. Nós somos precisamente oprimidos nesse
campo. A América pode ser censurada também por não ter dado a possibilidade ao
povo da Palestina de manifestar a sua opinião sobre o seu destino num referendo
semelhante.
Os
palestinianos também, tal como na Crimeia, poderiam determinar o seu futuro em
um referendo. Mas os EUA ouvem apenas o que Israel lhes diz sobre isso.
Esperamos que a Rússia possa desempenhar aqui um papel positivo. Tanto mais que
os russos e os árabes, principalmente com os palestinianos, estão ligados por
boas relações há muito tempo.
A
Crimeia é um exemplo para muitos outros povos. Isso constitui uma mensagem para
todo o mundo. Isso é um exemplo de como os problemas podem ser resolvidos
através de referendo.
Voz
da Rússia: Os norte-americanos tentaram, agora, conciliar israelitas e
palestinianos, mas as conversações sob a égide dos EUA falharam. Talvez por
isso tenha surgido a ideia do referendo?
Osama
Hamdan: Considero que os americanos nunca tentaram a sério resolver o
problema da Palestina. Isso era aparência. O lobby israelita pressiona
fortemente nos EUA. E esse lobby não quer ouvir nada sobre a criação do Estado
da Palestina.
Voz
da Rússia: O que significa hoje para os árabes o regresso da Rússia ao Médio
Oriente?
Osama
Hamdan: Sem dúvida que os árabes sofreram muito devido ao fato do
equilíbrio de forças na arena internacional ter caído fortemente, até aí, para
o lado dos EUA. O renascimento e o reforço da Rússia criam mais possibilidades
para os árabes e, concretamente, para os palestinianos também. No mundo árabe,
atitude para com a Rússia é boa, estamos gratos pelo apoio ainda na era da
URSS. Temos uma boa base para a coordenação de esforços e da interação.
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