sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Empresário timorense saúda vontade do Estado em estudar compra de capital da Oi na TT




Díli, 20 fev (Lusa) - O empresário timorense Julio Alfaro considerou hoje "muito boa notícia" a vontade manifestada pelo Governo timorense de estudar a eventual compra do capital que a OI detém na Timor Telecom, mantendo assim a empresa como operadora nacional.

"É muito boa notícia. Temos vindo a desenvolver esforços no sentido de conseguir que seja o Estado a conseguir as ações e que fiquem nas mãos de investidores estrangeiros", disse à Lusa o empresário, que é também acionista da TT (controla 4,49% do capital).

"Já temos duas operadoras estatais estrangeiras em Timor. Não faz sentido que o nosso país, que só tem a Timor Telecom como única operadora de telecomunicações nacional, a deixe cair em mãos estrangeiras também", afirmou.

Hoje o ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações de Timor-Leste, Gastão de Sousa, disse que o Governo timorense quer manter, com investimento seu e eventualmente dos acionistas privados da empresa, a Timor Telecom (TT) como um "ativo timorense".

"Devemos fazer todos os esforços para manter este ativo no Estado de Timor-Leste", sublinhou.

"A melhor solução seria algo conjunto, entre os acionistas privados e o Estado", afirmou, referindo que vai procurar que o assunto seja já debatido na reunião do Conselho de Ministros da próxima semana.

Vários dos acionistas privados da TT e outros empresários timorenses têm-se movimentado nas últimas semanas para tentar garantir que investidores timorenses e o próprio Estado compram a parte da operadora atualmente controlada pela PT e que a OI quer agora alienar.

Gastão de Sousa confirmou que houve já interesse de pelo menos um fundo de investimento da região, que terá apresentado uma oferta, por um valor não conhecido, para a compra da parte da PT.

"É um assunto muito importante que estamos a acompanhar. Já falei sobre ele, informalmente com o primeiro-ministro (Rui Maria Araújo) e também com o ministro do Planeamento (Xanana Gusmão)", afirmou.

Julio Alfaro confirmou à Lusa que o interesse no capital que era da PT e hoje é da Oi foi manifestado por um fundo de investimento das ilhas Fiji que vão agora preparar uma oferta.

"Vamos esperar para ver qual é essa oferta e depois responderemos à PT, ou à Oi, para dar conta das nossas intenções. Ainda não sabemos o valor da oferta mas esse será o valor de referência", disse.

Alfaro insistiu que devem ser mãos timorenses a controlar a TT já que as duas outras operadoras no país - a indonésia Telkomsel e a vietnamita Telemor - são não só estrangeiras mas ambas estatais.

"Se fossem propriedades de privados era uma coisa. Mas ter operadores que são propriedades de Estados soberanos e deixar a TT ir também para mãos estrangeiras, não me parece correto", disse.

"Em especial tendo em conta a situação muito delicada do país em termos de informação", sublinhou.

Em causa está a maior fatia de capital da TT (54,01%), controlada pela sociedade Telecomunicações Públicas de Timor (TPT), na qual, por sua vez, a PT controla 76% do capital.

Os restantes acionistas da TPT são a Fundação Harii - Sociedade para o Desenvolvimento de Timor-Leste (ligada à diocese de Baucau) que controla 18% e pela Fundação Oriente (6%).

Na TT o capital está dividido entre a TPT (54,01%), o Estado timorense (20,59%), a empresa com sede em Macau VDT Operator Holdings (17,86%), o empresário timorense Julio Alfaro (4,49%) e a PT Participações SGPS (3,05%).

Basílio do Nascimento, bispo de Baucau e responsável da Fundação Harii confirmou à Lusa também hoje que o objetivo é que o ativo continue em Timor-Leste.

"Eu gostaria que a empresa ficasse em Timor. Eu acho que Timor fica mais bem servido. Mas acho que só os sócios privados, não seremos capazes. Agora, se o Estado entrar é outra coisa", concluiu.

ASP // JPS

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