Díli,
20 fev (Lusa) - O empresário timorense Julio Alfaro considerou hoje "muito
boa notícia" a vontade manifestada pelo Governo timorense de estudar a
eventual compra do capital que a OI detém na Timor Telecom, mantendo assim a
empresa como operadora nacional.
"É
muito boa notícia. Temos vindo a desenvolver esforços no sentido de conseguir
que seja o Estado a conseguir as ações e que fiquem nas mãos de investidores
estrangeiros", disse à Lusa o empresário, que é também acionista da TT
(controla 4,49% do capital).
"Já
temos duas operadoras estatais estrangeiras em Timor. Não faz sentido
que o nosso país, que só tem a Timor Telecom como única operadora de
telecomunicações nacional, a deixe cair em mãos estrangeiras também",
afirmou.
Hoje
o ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações de Timor-Leste,
Gastão de Sousa, disse que o Governo timorense quer manter, com investimento
seu e eventualmente dos acionistas privados da empresa, a Timor Telecom (TT)
como um "ativo timorense".
"Devemos
fazer todos os esforços para manter este ativo no Estado de
Timor-Leste", sublinhou.
"A
melhor solução seria algo conjunto, entre os acionistas privados e o
Estado", afirmou, referindo que vai procurar que o assunto seja já
debatido na reunião do Conselho de Ministros da próxima semana.
Vários
dos acionistas privados da TT e outros empresários timorenses têm-se
movimentado nas últimas semanas para tentar garantir que investidores
timorenses e o próprio Estado compram a parte da operadora atualmente controlada
pela PT e que a OI quer agora alienar.
Gastão
de Sousa confirmou que houve já interesse de pelo menos um fundo de
investimento da região, que terá apresentado uma oferta, por um valor não
conhecido, para a compra da parte da PT.
"É
um assunto muito importante que estamos a acompanhar. Já falei sobre ele,
informalmente com o primeiro-ministro (Rui Maria Araújo) e também com o
ministro do Planeamento (Xanana Gusmão)", afirmou.
Julio
Alfaro confirmou à Lusa que o interesse no capital que era da PT e hoje é da Oi
foi manifestado por um fundo de investimento das ilhas Fiji que vão agora
preparar uma oferta.
"Vamos
esperar para ver qual é essa oferta e depois responderemos à PT, ou à Oi, para
dar conta das nossas intenções. Ainda não sabemos o valor da oferta mas esse
será o valor de referência", disse.
Alfaro
insistiu que devem ser mãos timorenses a controlar a TT já que as duas outras
operadoras no país - a indonésia Telkomsel e a vietnamita Telemor - são não só
estrangeiras mas ambas estatais.
"Se
fossem propriedades de privados era uma coisa. Mas ter operadores que são
propriedades de Estados soberanos e deixar a TT ir também para mãos
estrangeiras, não me parece correto", disse.
"Em
especial tendo em conta a situação muito delicada do país em termos de
informação", sublinhou.
Em
causa está a maior fatia de capital da TT (54,01%), controlada pela sociedade
Telecomunicações Públicas de Timor (TPT), na qual, por sua vez, a PT controla
76% do capital.
Os
restantes acionistas da TPT são a Fundação Harii - Sociedade para o
Desenvolvimento de Timor-Leste (ligada à diocese de Baucau) que controla 18% e
pela Fundação Oriente (6%).
Na
TT o capital está dividido entre a TPT (54,01%), o Estado timorense (20,59%), a
empresa com sede em
Macau VDT Operator Holdings (17,86%), o empresário timorense
Julio Alfaro (4,49%) e a PT Participações SGPS (3,05%).
Basílio
do Nascimento, bispo de Baucau e responsável da Fundação Harii confirmou à Lusa
também hoje que o objetivo é que o ativo continue em Timor-Leste.
"Eu
gostaria que a empresa ficasse em
Timor. Eu acho que Timor fica mais bem servido. Mas acho que
só os sócios privados, não seremos capazes. Agora, se o Estado entrar é outra
coisa", concluiu.
ASP
// JPS
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