sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Corrupção é "nefasta", destrói a confiança e trava desenvolvimento - PM timorense




Díli, 20 fev (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Rui Maria Araújo considerou hoje que a corrupção em Timor-Leste é um problema de grande dimensão que é "nefasto" para a sociedade, destrói a confiança no Estado e trava o desenvolvimento do país.

"A corrupção é um problema grande, reconhecido pelo povo timorense. A corrupção tem um impacto nefasto na sociedade. Afeta tudo, aumenta o custo de vida, envolve fundos públicos, condiciona o bem-estar social, afeta a imagem do setor público", disse hoje em Díli.

"A corrupção é um obstáculo ao desenvolvimento económico. Empresas que querem investir não o farão pela perceção de corrupção. E isso significa menos empregos, menos riqueza, menos bem-estar para a nossa sociedade", afirmou.

Rui Araújo falava num encontro sobre o enquadramento legal do combate à corrupção em Timor-Leste, por ocasião do 5.º aniversário da Comissão Anti-Corrupção (CAC), em Díli.

Considerando que a corrupção "destrói a confiança no Estado", Rui Araújo considerou necessário "garantir que a corrupção em Timor-Leste é combatida e eliminada".

"Temos que deixar claro que quem pratica atos de corrupção será perseguido. Atualmente não têm muito risco. Não pode haver meias medidas e muito menos desculpa atrás de desculpa para aceitar corrupção", apontou.

Num discurso interrompido várias vezes por aplausos, Rui Araújo saudou o trabalho da CAC, comprometendo-se a dar o seu apoio à instituição e a estudar um reforço dos recursos existentes.

"Precisamos de uma CAC forte, com capacidade para tomar medidas firmes, com rigor, sem acusar sem fundamento, e com poder para exigir que o Governo seja responsável e honesto", disse.

"Deixo um apelo à CAC para que continue o seu trabalho de investigação de corrupção, mas também que avance na prevenção, nas campanhas educacionais em áreas de risco", afirmou.

O 5.º aniversário da CAC, afirmou, deve servir para reafirmar a "importância para o futuro do país que é ter uma instituição forte no combate a corrupção" que atue de forme independente.

"Confirmo que o apoio do chefe de Governo ao vosso trabalho vai continuar", disse, recordando que quando entrou em funções a CAC "começou do zero", sem funcionários e praticamente sem recursos.

O Governo, afirmou, vai agir com "responsabilidade, ética e mais eficiência" e a CAC deve atuar para "prevenir e combater a corrupção" mas sempre com "rigor e firmeza".

"O rigor de não acusar com base em notícias do jornal mas sim com factos. E firmeza, para que quando tenha factos comprovados possa continuar o caso e tomar medidas", disse.

Em declarações à Lusa Rui Araújo disse que o problema da corrupção em Timor-Leste, com indícios de "corrupção real", atinge vários níveis.

"Não só a perceção da corrupção em grande escala, mas também as pequenas corrupções que acontecem no dia-a-dia, a nível dos funcionários, dos técnicos inferiores, médios e superiores. É uma realidade e é preciso combater isso", observou.

"Corrompe muito, não apenas do ponto de vista económico, mas também do ponto de vista social. As pessoas pensam que se pode fazer tudo. E perdesse um bocado o sentido da ética e da moral", disse.

Apesar de reconhecer que também há rumores e suspeitas infundadas, o chefe do Governo disse que "existem factos de corrupção real" e "ocorrências que normalmente indiciam corrupção".

Questionado sobre como atuará no que toca à imunidade no caso de eventuais membros do seu executivo serem acusados, Rui Araújo disse que vai "cumprir a lei".

"Vamos cumprir a lei, o que a constituição diz e a lei. Neste momento não há pedidos das autoridades judiciárias para que qualquer membro do novo Governo seja apresentado à justiça por qualquer queixa de corrupção", afirmou.

ASP // DM

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