O
uso de aviões não-tripulados (drones) em conflitos recentes em África foi um
sucesso. As principais potências militares, Nigéria e África do Sul, já os
estão a operar. Em breve, também deverão reforçar as Forças Armadas Angolanas,
com fornecedores do Brasil, China ou Rússia.
Numa análise para o Instituto
Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS), Gustavo Plácido dos
Santos afirma que “os drones estão em linha com a necessidade de contenção da
despesa”, sem por em causa os objetivos traçados desde o fim da guerra civil em
2002: “crescimento e desenvolvimento socio-económico, afirmação
políticodiplomática, e ainda a modernização, capacitação e projecção regional
do seu aparelho militar”.
“O mercado dos drones apresenta excelentes
perspectivas de futuro, o que em parte explica a entrada de cada vez mais
actores nesse sector, entre os quais se contam o Brasil, a China e a Rússia.
(…) as boas relações de Angola com estes países, em particular
no campo da defesa e segurança, sugerem a possibilidade de, no futuro próximo,
se verem drones a sobrevoar as regiões angolanas estratégicas, mais isoladas e
de difícil acesso”, afirma o analista.
“A afirmação regional e internacional de
Angola exige que as suas Forças Armadas acompanhem os tempos, isto é, que se
modernizem e se adaptem às circunstâncias subsaarianas. Não o fazer significa
perder terreno para os seus grandes rivais na África subsaariana e adiar a sua
consolidação como uma grande potência regional e como um fornecedor de
segurança”, adianta.
Plácido dos Santos afirma mesmo ser “curioso” que Angola
não opere ainda drones, quando os seus dois maiores rivais na região
subsariana—a África do Sul e a Nigéria— já o fazem. Com recursos naturais
vastos, em mar e em terra, Angola enfrenta desafios importante na vigilância do
seu território.
Tem uma linha costeira de 1600 quilómetros quadrados e uma Zona
Económica Exclusiva que representa 40% do território, onde estão plataformas
petrolíferas offshore que representam uma percentagem importante do PIB.
Persistem disputas territoriais com a República Democrática do Congo (RDC)
sobre a delimitação das fronteiras marítimas de Cabinda. Pelas suas águas
passam ainda importantes rotas comerciais do Golfo da Guiné e Atlântico Sul.
Em
Janeiro de 2014 deu-se o sequestro de um navio petroleiro ao largo da costa
angolana. Plácido dos Santos lembra que “a marinha angolana sé o ramo das FAA
que mais limitações apresenta”. Os sistemas de vigilância marítima, têm vindo a
ser reforçados, nomeadamente com seis aviões A-29 Super Tucano encomendados em
2012 ao Brasil e, já em 2015,com o Sistema Nacional de Vigilância Marítima
(Sinavim), que já prevê o uso de drones.
O país duplicou a sua despesa militar
desde 2005. Até 2019 essa deverá mais uma vez duplicar, devido à procura por
equipamento de controlo fronteiriço, caças, aeronaves multifuncionais, navios e
drones. “O elevado investimento nas FAA, juntamente com os programas de
formação militar com países
militarmente avançados, como é o caso do Brasil, China, EUA, Portugal, Rússia,
entre outros, posiciona Angola como um dos países mais capacitados para, no
futuro, operar e manter esta tecnologia”, afirma o analista do IPRIS.
“A aposta
nos drones seria uma importante manobra estratégica de Angola, contribuindo
para a sua afirmação regional e internacional, e também para a sua consolidação
como fornecedor de segurança no continente. (…) Poderá agilizar o processo de
decisão política angolana relativamente à participação das FAA nessas missões”.
Estes aparelhos, defende, “garantem melhores capacidades de recolha e análise
de inteligência, vigilância e reconhecimento, algo que seguramente terá um
impacto positivo no que respeita ao combate às ameaças e desafios no continente”.
África
Monitor
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