quarta-feira, 27 de maio de 2015

Guiné Equatorial. Empresário italiano continua preso apesar de ter cumprido sentença




O Governo da Guiné Equatorial deve libertar imediatamente o empresário italiano Roberto Berardi, uma vez que o prazo da sua sentença terminou a 19 de maio, disse hoje uma organização de direitos humanos do país

"No dia 19 de maio, quando o seu advogado antecipava a libertação de Berardi, as autoridades judiciais equatoguineenses anunciaram, ao invés, que a sentença do seu cliente ia prolongar-se até 7 de julho", lê-se numa nota divulgada hoje pela organização não-governamental EG Justice.

"A decisão desrespeita um julgamento anterior que tinha claramente afirmado que Berardi beneficiaria das seis semanas que passou em custódia policial e prisão domiciliária antes de ser oficialmente acusado, julgado e condenado", acrescenta o comunicado colocado na página da internet desta organização liderada pelo ativista político Tutu Alicante.

"Na sua decisão de 19 de maio, o tribunal reconheceu que a polícia devia ter apresentado o suspeito a tribunal no prazo de 72 horas estipulado na legislação nacional, e por isso a detenção prévia ao julgamento tinha sido ilegal, mas ainda assim decidiu prolongar a sua detenção", afirma o documento.

"Esta manipulação expõe claramente a falta de independência do sistema judicial na Guiné Equatorial", considera Tutu Alicante, que garante que "não há qualquer base legal para manter Roberto Berardi detido".

O empresário italiano era sócio de uma empresa de construção com o filho do Presidente e segundo vice-presidente, Teodoro Nguema Obiang Mangue, também conhecido por Teodorín, e é acusado, segundo o seu advogado, Ponciano Nvó, de ter desviado mil milhões de francos CFA (1,5 milhões de euros), mas "não há qualquer prova".

"O seu sócio (Teodorín) retirava os lucros da empresa" e agora é o "meu cliente que é acusado de desviar", argumentou Ponciano Nvó.

O filho do Presidente, que governa o país desde 1979, possuía 60% da empresa de construção Eloba, que fez várias obras para o Estado guineense. Além de sócio minoritário, o empresário italiano era o diretor-executivo da empresa desde 2008.

A ONG Human Rights Watch (HRW) fez, logo em 2013, um apelo público à libertação do empresário por motivos de saúde, alegando que Berardi tem um enfisema pulmonar e febre tifóide, de acordo com um relatório do hospital de Bata, a capital económica do país.

"Na Guiné Equatorial, saber demasiado dos negócios com aqueles que estão próximos do Presidente podem levar-te à cadeia", disse a investigadora da HRW Lisa Misol.

Para Ponciano Nvó este "não é um caso judicial", mas antes uma "perseguição a uma pessoa" movida pela justiça equato-guineense.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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