TIGRES
ENCOLHEM AS GARRAS
A
campanha de Xi Jinping contra a corrupção está a assustar os jogadores chineses
das salas VIP dos casinos da RAEM. Mas se os “tigres” são menos, as “moscas”
são mais que muitas
Adescida
das receitas do jogo no território está ligada à luta anti-corrupção na China
continental. A análise é feita por especialistas que falam ao jornal
norte-americano Wall Street Journal e que justificam a queda de receitas dos
casinos pelo segundo mês consecutivo com o facto os chineses mais ricos estarem
com medo do Governo Central.
“A campanha anti-corrupção, que está em andamento, concentra-se consideravelmente nas transferências ilícitas de dinheiro da China para o exterior”, começa por dizer ao jornal Steve Vickers, consultor e investigador e ex-director do Gabinete de Inteligência Criminal da Polícia Real de Hong Kong. “Macau é um factor significativo nesse processo”, acrescenta.
Recorde-se
que os cidadãos do continente só podem entrar em Macau com 20 mil yuan, uma
quantia considerada demasiada pequena para o valor de apostas que se fazem nos
casinos locais. Isto leva os jogadores a recorrerem a esquemas para conseguir
mais dinheiro. Prova disso foi o recente caso dos cartões da Union Pay,
utilizados pelos jogadores para fazer compras fantasma – em casinos, joalharias
e restaurantes -, sendo que, posteriormente, o valor em dinheiro lhes é
devolvido, como se o cliente pretendesse ser reembolsado pelo serviço.
Em 2009, as receitas dos casinos de Macau registaram quedas, devido à crise financeira que se fazia sentir a nível internacional. Desde aí, a RAEM tem conseguido receitas exponenciais nos casinos de Macau, tanto que os valores já ultrapassaram mais de seis vezes aquela que era conhecida como a capital do jogo: Las Vegas.
Mas, se Macau é a “Las Vegas da Ásia” e a nova capital do jogo, grande parte deve-se ao investimento feito por jogadores VIP, que vêm, maioritariamente, da China continental. Em 2013, as receitas totais do jogo atingiram 361,9 mil milhões de patacas, mais 18,55% do que em 2012, de acordo com dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos. “Os milionários chineses levados por ‘junkets’ representam cerca de 66% dessa facturação”, escreve o Wall Street Journal, que assegura ainda que o aumento do combate à corrupção pelo Governo Central está a afectar as salas VIP nos casinos de Macau, mas também “outra das diversões da elite local”, que são os shopping luxuosos de Hong Kong.
A
CULPA DOS OUTROS
“O recuo [das receitas] em Macau está a ser provocado pelos mesmos jogadores de alta classe que impulsionaram a ascensão da cidade nos últimos anos”, dizem analistas da UBS – empresa de consultadoria financeira – ao jornal. “A facturação gerada por esses jogadores, geralmente chineses ricos levados a Macau por intermediários conhecidos como ‘junkets’, caiu entre 14% e 18%
Este
Embora a campanha anti-corrupção tenha começado em 2012, o presidente chinês, Xi Jinping apertou ainda mais o cerco, sendo que são os anúncios de investigações a líderes do Partido Comunista e oficiais do exército e consequentes condenações têm sido constantes. Da mesma forma, são comuns os alertas para a diminuição de gastos de funcionários chineses em jantares de luxo e festas.
Apesar de as quedas das receitas serem desvalorizadas num local como Macau, a promessa de Xi Jinping em continuar a limpar o continente de corrupção pode trazer mais impactos a Macau.
“Essa batalha anti-corrupção na China é muito mais ampla e profunda do que aquilo que a comunidade mais abastada estava à espera e, como resultado, poderá haver um enfraquecimento prolongado no mercado”, assegura o analista Grant Govertsen, da Associação de Pesquisas de Jogos.
*Editado
por Joana Freitas em Hoje
Macau
Sem comentários:
Enviar um comentário