Mário
Silva - Expresso das Ilhas, opinião
A
gente lê e ouve que Cabo Verde é exemplo de boa governação. Depois
acrescenta-se: em África. O acrescento é limitativo, mas pouco importa. Boa
governação. Esta expressão é dita e escrita por nacionais. Por estrangeiros.
Por nacionais que dizem que os estrangeiros disseram isso mesmo:boa governação. Será?
O
crescimento económico é o que se sabe; se sente. O país já cresceu a 10 e 12%.
Agora cresce a 1 e 2%. Para muitos, este crescimento é «anémico», «rasteiro»,
«débil» e «fraco». A dívida pública é superior a 100% do PIB. O crédito à
economia não funciona. O desemprego campeia. Reivindicação de greves e greves
são notícias.
A
segurança é insegura: mata-se quem se quer. Quando se quer. Onde se quer. Se a
Polícia não dá conta do recado, os militares entram em acção. Foi com os
militares nas ruas é que se atentou contra o filho do Ministro Primeiro.
Curioso. E não se descobriu o criminoso. Mais uma vez, como sempre!
O
discurso oficial é que já se atentou contra o Estado de Direito. Irónico: o
Estado de Direito não sabe quem atentou contra ele. Se calhar convive e dorme
diariamente com o seu carrasco. Vestido de fato. E não sabe quem é. Que
angústia!
O
«clustrer» do Mar tornou-se no pesadelo do mar. Aliás, foi dito recentemente,
pelo Ministro Primeiro, que era «hiper-clauster». Nunca se teve a sensação de
tanta insegurança marítima. Quantos acidentes e incidentes? Quantos? Quantos
mortos? Nenhum responsável. Mais uma vez, como sempre!
-
Meu caro Joa Quim, se com boa governação os resultados são o que são,
que seria de nós se a governação fosse assim-assim? E se fosse má?
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