quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Arbitragem às acusações de espionagem feitas por Timor à Austrália começa em dezembro

 


Estrasburgo, França, 20 nov (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste disse hoje que o trio de arbitragem que vai dirimir as acusações de espionagem no acesso a informações confidenciais sobre o Mar de Timor feitas por timorenses a australianos vai reunir-se em dezembro.
 
"No dia 05 de dezembro o trio de arbitragem vai-se encontrar com as duas partes para discutir as formalidades processuais do processo", afirmou Xanana Gusmão.
 
O primeiro-ministro timorense falava à agência Lusa em Estrasburgo, onde participou na cerimónia de entrega do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento à jovem paquistanesa Malala Yousafzai.
 
"Em fevereiro teremos que apresentar o 'memorial' para depois dar tempo aos australianos para responderem", disse.
 
Timor-Leste escolheu um juiz britânico para representar os seus interesses no processo de arbitragem, que inclui também um juiz indicado pela Austrália e um terceiro escolhido pelos dois países.
 
O processo de arbitragem arrancou este ano depois de Timor-Leste ter acusado a Austrália de espionagem no acesso a informação confidencial sobre gás e petróleo no Mar de Timor.
 
Em causa está o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS, sigla em inglês) assinado pelos dois países em 2007 para facilitar a exploração de gás e petróleo no Mar de Timor, na zona fora da Área Conjunta de Desenvolvimento do Petróleo (JPDA).
 
O tratado possibilita que Timor-Leste ou a Austrália o denunciem caso não tenha sido aprovado o Plano de Desenvolvimento do campo de exploração de gás Greater Sunrise seis anos após ter entrado em vigor, prazo que terminou em fevereiro.
 
No final de abril, Timor-Leste enviou uma notificação a Camberra, na qual afirmava que o tratado entre os dois países era inválido porque a Austrália tinha feito espionagem durante as negociações do mesmo.
 
Na acusação, Timor-Leste referia que os negociadores australianos tinham na sua posse informação confidencial, relevante para os negociadores timorenses.
 
A exploração do Greater Sunrise criou um impasse nas relações entre a petrolífera australiana Woodside e as autoridades de Timor-Leste.
 
Enquanto a empresa australiana defende a exploração numa plataforma flutuante, Timor-Leste insiste na construção de um gasoduto para permitir desenvolver a costa sul do país.
 
Mesmo que o tratado seja denunciado, os contratos de exploração do Sunrise continuam em vigor e, se a produção começar, o CMATS volta a entrar imediatamente em vigor, a não ser que modificações tenham sido negociadas.
 
No tratado, que impede a definição de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália durante um período de 50 anos, ficou especificado que cada um dos países recebe metade das receitas de exploração do Greater Sunrise.
 
Além do CMATS, a exploração do gás e petróleo no Mar de Timor é também regulada pelo Tratado do Mar de Timor e pelo Acordo Internacional de Unificação.
 
RCR/MSE // VM - Lusa
 

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