quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Escolas de Macau deviam estudar autores locais, defende investigador Sales Lopes

 


Macau, China, 19 nov (Lusa) - O jornalista e investigador Fernando Sales Lopes defendeu hoje que nomes da cultura de Macau como Deolinda da Conceição, a primeira mulher jornalista do território, deveriam ser estudados nas escolas locais.
 
"Todos os autores de Macau, sejam poetas, sejam prosadores, para mim deveria ser obrigatório que os alunos conhecessem e estudassem os seus autores como o fazem sobre os autores de Portugal ou de outro sítio qualquer" dependendo da escola, afirmou o investigador da cultura de Macau, na evocação do centenário do nascimento de Deolinda da Conceição.
 
Fernando Sales Lopes justifica o seu pensamento com o facto dos autores de Macau "não serem menores do que os outros" e de serem "importantes para a formação das pessoas".
 
"dentro da própria comunidade macaense estes autores enformam a identidade macaense e é importante as pessoas saberem que têm uma cultura própria que devem acarinhar e conhecer", salientou.
 
"Não é haver uma ignorância generalizada das coisas passando-se ao lado, como antes do 25 de abril quando as pessoas nas ex-colónias aprendiam as linhas férreas e os rios apesar de nunca terem ido a Portugal e depois não sabiam o que se passava à porta delas", disse.
 
Nascida em Macau a 07 de julho de 1913, Deolinda da Conceição foi a primeira mulher a exercer o jornalismo em Macau.
 
Para o jornalista e investigador, Deolinda da Conceição, além da obra que deixou como "Cheong Sam - A Cabaia", é uma figura local que tem importância muito grande porque foi a primeira macaense/portuguesa jornalista que deixou ainda "obra escrita naquilo que foi a sua intervenção no jornal de Notícias de Macau, onde trabalhou como secretária de redação, redatora e coordenadora do suplemento feminino, que fez durante alguns anos".
 
Sales Lopes descreveu como uma "lutadora" numa sociedade "arcaica, conservadora e hipócrita" a mulher que "viveu entre guerras" com a invasão da China onde estava radicada e, mais tarde, de Hong Kong, para onde se mudou em processo de divórcio do primeiro marido e com dois filhos pequenos.
 
"Ainda por cima escolheu uma profissão que estava na altura 'reservada' a homens, pelo menos em Macau", destacou.
 
O investigador Sales Lopes apontou ainda em Deolinda da Conceição "uma visão do mundo totalmente distinta da maioria das pessoas", própria de "uma cidadã culta e autodidata".
 
Deolinda da Conceição acabaria por morrer em Hong Kong com 43 anos, em maio de 1957, depois de um período passado em Portugal.
 
JCS // APN - Lusa
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana