Eduardo Oliveira
Silva – jornal i, opinião
O ministro está a
afundar-se, para seu mal e do país
Quando entrou para
o governo era o mais velho dos seus membros. Ao seu nome associava-se
prestígio, como acontecia por exemplo com Francisco José Viegas, que entretanto
desertou.
Sensato, cordato,
competente, e também um reputado matemático e professor universitário,
esperava-se de Nuno Crato que concretizasse o que nunca um dos seus
antecessores tinha alcançado: uma política simultaneamente coerente e minimamente
consensual.
A missão era quase
impossível, mas, dado o perfil, admitia-se a hipótese de êxito relativo. No
entanto, nada deu certo e a culpa não tem a ver com a crise e a falta de meios.
Crato conseguiu, rapidamente, mobilizar contra ele todos os agentes do ensino,
começando pelos professores, que promoveram as maiores manifestações de sempre.
Basta, aliás, olhar
para o que está acontecer nos últimos dias para se ter uma ideia clara de que o
ministério e a política de Nuno Crato metem água por todo o lado. Verifica-se
que, não querendo fazer uma revolução mas uma reforma tranquila, não fez nem
uma coisa nem outra.
Os reitores,
através do seu conselho, decidiram recentemente num gesto inédito e simbólico
cortar as pontes de diálogo e acusar o ministro de violar a sagrada autonomia
universitária. De facto, as coisas estão péssimas, tanto no ensino superior
universitário como no politécnico, cuja frequência é hoje impossível para quem
não disponha de meios económicos. A ideia de gratuidade sempre foi um tanto
simbólica, mas agora morreu.
Nos patamares
anteriores à universidade ou na área especial, a situação é ainda mais grave.
Estão instalados o caos e a ineficácia, salvo alguns casos de excepção.
A ideia dos
contratos de autonomia está já ferida de morte, embora uma em cada quatro
escolas públicas queira aderir. Como ontem se acentuava num trabalho
desenvolvido neste jornal, os limites da lei e das disponibilidades financeiras
condicionam as decisões e desiludem os responsáveis pelos agrupamentos que
avançaram para o acordo.
Em contrapartida,
os agrupamentos tal qual estão revelam-se em regra impossíveis de gerir, porque
o afastamento em relação ao terreno é excessivo e a intervenção directa ao
nível da escola sempre foi uma forma de gestão mais eficaz.
Os contratos com o
ensino privado suscitam desconfianças e promiscuidades inimagináveis, como
demonstrou um recente trabalho da TVI.
No meio de uma
situação sempre instável, Portugal conseguiu, mesmo assim, preparar ao longo
dos anos uma parte significativa da sua juventude e dar aos mais velhos alguns
incentivos para que voltassem a estudar. Mesmo opções controversas como as
Novas Oportunidades tinham alguma utilidade e recuperaram auto-estimas. Hoje
vivemos numa floresta de equívocos. Não se sabe para onde vai o ensino e
sobretudo percebe-se que os caminhos que Nuno Crato trilhou estão bloqueados.
É pena, porque
Crato tinha o perfil certo para a função e à partida foi invulgarmente bem
aceite por um sistema que, além de altamente corporativo, transporta interesses
específicos e não raras vezes antagónicos, sendo dominando por sindicatos e
ideologias políticas.
Não é certo que
algum dia alguém consiga fazer melhor, mas é certo que Nuno Crato se está a
afundar, o que é mau para ele mas sobretudo para os portugueses.
Vergonha Pepsi:
Vamos trucidar Portugal. Foi esta a mensagem que a marca promoveu ao colocar um
boneco lembrando Ronaldo em cima de uma linha de comboio. Uma só resposta:
beber Coca-Cola!!!
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