terça-feira, 8 de abril de 2014

Portugal: PRÍNCIPIOS DE PROPAGANDA




A máquina propagandística do governo PSD-CDS funciona a todo o vapor. Não há trafulhice ou processo de desinformação que não adopte. Mas tem às vezes falhas consideráveis, e tem sobretudo a teimosa realidade a desmenti-la todos os dias.


Há quase um ano Cavaco Silva concedeu ao governo PSD/CDS o balão de oxigénio de apadrinhar uma remodelação governamental. Novos ministros e secretários de estado entraram nesse governo inteiramente desacreditado, que aproveitou a folga para proclamar um “novo ciclo”.

Desde o início ficou bem à vista qual o conteúdo de tal “novo ciclo”: juntar doses industriais de propaganda e de desinformação à mesma política de desastre económico e social e de submissão nacional.

O desastre prosseguiu e agravou-se, mas a ofensiva propagandística conseguiu um resultado de vulto: o PS meteu a viola no saco e nunca mais falou em eleições antecipadas. Não podem no entanto ignorar-se alguns passos em falso, como é o caso das recentes inconfidências acerca do carácter definitivo dos roubos já efectuados em salários e pensões. Nesse sentido, e com espírito construtivo, aqui recordamos alguns princípios de propaganda elaborados por um experiente responsável:

- “A propaganda deve ser planeada e executada por uma única autoridade”. Tem que ser o ministro Poiares Maduro a coordenar as coisas, não pode caber-lhe a ingrata tarefa de desmentir um secretário de estado.


- “Credibilidade, informação e os possíveis efeitos da comunicação determinam se materiais de propaganda devem ser censurados”. Melhor do que desmentir uma informação é censurá-la previamente.

- “Deve ser preferida a propaganda negra à propaganda branca, quando esta seja menos credível ou produza efeitos indesejados”. Em vez de anunciar a perpetuação de roubos, deve ser agitado o espantalho das desgraças que sucederiam se tais roubos não fossem efectuados.


- “Um tema propagandístico deve ser repetido, mas não para além do ponto em que a sua efectividade diminui”. Não podem repetir-se constantemente os “sucessos do país” quando os “insucessos das pessoas” atingem uma dimensão dramática.

- “A propaganda pode ser facilitada por dirigentes prestigiados”. Um problema sério, quando é generalizada a imagem deste governo como uma insuportável quadrilha de gente ao serviço do grande capital.

Falta esclarecer que quem enumerou tais princípios foi Joseph Goebbels.

*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2105, 3.04.2014

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