segunda-feira, 7 de julho de 2014

China: Liberdade de imprensa vive "dias negros" em Hong Kong - relatório




A liberdade de imprensa em Hong Kong vive os seus "dias mais negros", considera a Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA, na sigla em inglês) no seu relatório anual.

"O ano em análise tem sido o mais negro para a liberdade de imprensa em várias décadas", refere a HKJA no documento, divulgado, este domingo, no qual o organismo prevê uma maior deterioração da liberdade de imprensa nos anos que se seguem perante o agudizar da tensão política com Pequim.

Os media em Hong Kong sofreram vários ataques, incluindo físicos, nos últimos 12 meses, assinala a HKJA, citando, entre outros exemplos, o de Kevin Lau, antigo editor-chefe do jornal Ming Pao, que ficou gravemente ferido após ter sido esfaqueado em fevereiro.

Em declarações à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), no domingo, a vice-presidente da HKJA, Shirley Yam, afirmou que o Governo da antiga colónia britânica se tem tornado cada vez mais opaco na hora de lidar com os meios de comunicação social.

A HKJA contextualiza o período em que ocorre esta erosão, recordando o debate o método de eleição do chefe do Executivo em 2017 e a publicação do "Livro Branco" sobre Hong Kong, em que Pequim reafirma a sua soberania sobre o território, limitando aparentemente a sua autonomia ao instruir os representantes dos media sobre a necessidade de aumentarem a cobertura à oposição ao movimento pró-democrata "Occupy Central" e de noticiarem o desenvolvimento económico do interior da China de forma objetiva e racional.

"Este tipo de comentários engrossa a pressão sobre os media", realça a HKJA num comunicado publicado no seu portal na Internet.

"Estes desenvolvimentos restringem ainda mais a limitada liberdade de imprensa que existe desde que Leung Chun-ying tomou posse em 2012. De facto, diferentes índices de liberdade de imprensa internacionais mostram que Hong Kong caiu no 'ranking'", assinala a HKJA.

O organismo recorda, aliás, que no primeiro índice sobre a liberdade de imprensa de Hong Kong -- lançado pela própria entidade -- os jornalistas atribuíram ao território 42 pontos -- numa escala de 100 --, tendo manifestado preocupação relativamente à autocensura e à pressão exercida sobre os 'donos' e administradores dos 'media'.

No relatório, a HKJA apela ao Governo de Leung Chun-ying para respeitar plenamente a independência dos meios de comunicação social. Em particular, desafia o Governo a tomar todas as medidas ao seu alcance para prevenir atos de violência contra jornalistas e perseguir os perpetradores, incluindo os mentores.

Os apelos da HKJA estendem-se aos proprietários e executivos de órgãos de comunicação social, a quem se pede que respeitem o direito dos jornalistas de exercerem o seu trabalho sem pressões.

"Atendendo à deterioração, a HKJA anunciou o estabelecimento de uma comissão de monitorização de autocensura para investigar queixas de elementos dos 'media', composta por jornalistas, académicos e advogados, a qual se compromete a tornar públicos os casos confirmados de autocensura, a fim de elevar a consciência pública para o fenómeno.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Leia mais em Notícias ao Minuto

Sem comentários:

Mais lidas da semana