A
liberdade de imprensa em
Hong Kong vive os seus "dias mais negros",
considera a Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA, na sigla em inglês)
no seu relatório anual.
"O
ano em análise tem sido o mais negro para a liberdade de imprensa em várias
décadas", refere a HKJA no documento, divulgado, este domingo, no qual o
organismo prevê uma maior deterioração da liberdade de imprensa nos anos que se
seguem perante o agudizar da tensão política com Pequim.
Os
media em Hong Kong
sofreram vários ataques, incluindo físicos, nos últimos 12 meses, assinala a
HKJA, citando, entre outros exemplos, o de Kevin Lau, antigo editor-chefe do
jornal Ming Pao, que ficou gravemente ferido após ter sido esfaqueado em fevereiro.
Em
declarações à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), no domingo, a
vice-presidente da HKJA, Shirley Yam, afirmou que o Governo da antiga colónia
britânica se tem tornado cada vez mais opaco na hora de lidar com os meios de
comunicação social.
A
HKJA contextualiza o período em que ocorre esta erosão, recordando o debate o
método de eleição do chefe do Executivo em 2017 e a publicação do "Livro
Branco" sobre Hong Kong, em
que Pequim reafirma a sua soberania sobre o território,
limitando aparentemente a sua autonomia ao instruir os representantes dos media
sobre a necessidade de aumentarem a cobertura à oposição ao movimento
pró-democrata "Occupy Central" e de noticiarem o desenvolvimento
económico do interior da China de forma objetiva e racional.
"Este
tipo de comentários engrossa a pressão sobre os media", realça a HKJA num
comunicado publicado no seu portal na Internet.
"Estes
desenvolvimentos restringem ainda mais a limitada liberdade de imprensa que
existe desde que Leung Chun-ying tomou posse em 2012. De facto, diferentes
índices de liberdade de imprensa internacionais mostram que Hong Kong caiu no
'ranking'", assinala a HKJA.
O
organismo recorda, aliás, que no primeiro índice sobre a liberdade de imprensa
de Hong Kong -- lançado pela própria entidade -- os jornalistas atribuíram ao
território 42 pontos -- numa escala de 100 --, tendo manifestado preocupação
relativamente à autocensura e à pressão exercida sobre os 'donos' e
administradores dos 'media'.
No
relatório, a HKJA apela ao Governo de Leung Chun-ying para respeitar plenamente
a independência dos meios de comunicação social. Em particular, desafia o
Governo a tomar todas as medidas ao seu alcance para prevenir atos de violência
contra jornalistas e perseguir os perpetradores, incluindo os mentores.
Os
apelos da HKJA estendem-se aos proprietários e executivos de órgãos de
comunicação social, a quem se pede que respeitem o direito dos jornalistas de
exercerem o seu trabalho sem pressões.
"Atendendo
à deterioração, a HKJA anunciou o estabelecimento de uma comissão de
monitorização de autocensura para investigar queixas de elementos dos 'media',
composta por jornalistas, académicos e advogados, a qual se compromete a tornar
públicos os casos confirmados de autocensura, a fim de elevar a consciência
pública para o fenómeno.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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