sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Ativistas bloqueiam porto australiano para travar movimento de barcos com carvão




Sydney, Austrália, 17 out (Lusa) -- Uma centena de ativistas utilizaram hoje canoas tradicionais para bloquear o acesso a um porto na Austrália para impedir o movimento de barcos que transportam carvão, num protesto para elevar a consciencialização para os efeitos das alterações climáticas.

O porta-voz da organização 350.org, Simon Copland, disse à agência Efe que "até ao momento se tentou impedir a passagem de um barco, de um total de 11, que deviam sair do porto".

"A embarcação conseguiu sair e acreditamos que, na verdade, se terá decidido que não saíram mais durante o dia, mas não temos a certeza", afirmou, explicando que na iniciativa, de cariz "pacífico e simbólico", participaram entre 300 e 400 pessoas.

O protesto contou com a presença dos "Guerreiros Climáticos do Pacífico", um grupo formado por ativistas do Pacífico Sul que se deslocou com as suas canoas tradicionais até à Austrália.

O objetivo da iniciativa passa por travar a construção da mina de carvão de Maule Creek, que emitirá anualmente cerca de 30 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), assim como a expansão da mina de Boggabri, ambas próximas da floresta Leard.

Os dois projetos -- das empresas Whithaven e Idemitsu -- implicam uma extração de mais de 22 milhões de toneladas anuais de carvão, o que, segundo os ambientalistas, contribuirá para agudizar os efeitos das alterações climáticas como o aumento do nível do mar.

Seia Mikaele Maiava, um dos "guerreiros" de Tokelau, disse à agência noticiosa espanhola que o seu país já sofre com esse efeito em particular.

"Quando a maré sobe a água salgada afeta os nossos campos de cultivo que ficam a menos de um quilómetro da costa. As mudanças climáticas colocam em perigo a nossa segurança alimentar e as ilhas do Pacífico", frisou.

Esta ação na Austrália visa "consciencializar os nossos irmãos e irmãos que a indústria do carvão causa danos ao nosso meio ambiente" e que "é necessário atuar agora" explicou o ativista, apelando ao uso de renováveis como sucede em Tokelau, um território no Oceano Pacífico admnistrado pela Nova Zelândia, que figura no topo mundial da utilização destas energias, especialmente da solar.

A Austrália é um dos maiores poluidores per capita do mundo e a política ambiental de Camberra foi já criticada or várias vezes, nomeadamente pela secretária da ONU para as Alterações Climáticas, Christiana Figueres.

O primeiro-ministro australiano, o conservador Tony Abbott, disse, esta semana, que a indústria do carvão "é o grande futuro, tal como foi o grande passado", antecipando que se tornará na principal fonte de energia nas próximas décadas.

O Governo de Abbott eliminou o imposto sobre a emissão de gases com efeito de estufa e ainda não definiu o seu objetivo para o uso de energias renováveis no país, enquanto se nega a incluir a discussão sobre as alterações climáticas na cimeira de líderes do G20, a ter lugar, em novembro, na cidade de Brisbane.

DM - Lusa

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