Sydney,
Austrália, 17 out (Lusa) -- Uma centena de ativistas utilizaram hoje canoas
tradicionais para bloquear o acesso a um porto na Austrália para impedir o
movimento de barcos que transportam carvão, num protesto para elevar a
consciencialização para os efeitos das alterações climáticas.
O
porta-voz da organização 350.org, Simon Copland, disse à agência Efe que
"até ao momento se tentou impedir a passagem de um barco, de um total de
11, que deviam sair do porto".
"A
embarcação conseguiu sair e acreditamos que, na verdade, se terá decidido que
não saíram mais durante o dia, mas não temos a certeza", afirmou,
explicando que na iniciativa, de cariz "pacífico e simbólico",
participaram entre 300 e 400 pessoas.
O
protesto contou com a presença dos "Guerreiros Climáticos do
Pacífico", um grupo formado por ativistas do Pacífico Sul que se deslocou
com as suas canoas tradicionais até à Austrália.
O
objetivo da iniciativa passa por travar a construção da mina de carvão de Maule
Creek, que emitirá anualmente cerca de 30 milhões de toneladas de dióxido de
carbono (CO2), assim como a expansão da mina de Boggabri, ambas próximas da
floresta Leard.
Os
dois projetos -- das empresas Whithaven e Idemitsu -- implicam uma extração de
mais de 22 milhões de toneladas anuais de carvão, o que, segundo os
ambientalistas, contribuirá para agudizar os efeitos das alterações climáticas
como o aumento do nível do mar.
Seia
Mikaele Maiava, um dos "guerreiros" de Tokelau, disse à agência
noticiosa espanhola que o seu país já sofre com esse efeito em particular.
"Quando
a maré sobe a água salgada afeta os nossos campos de cultivo que ficam a menos
de um quilómetro da costa. As mudanças climáticas colocam em perigo a nossa
segurança alimentar e as ilhas do Pacífico", frisou.
Esta
ação na Austrália visa "consciencializar os nossos irmãos e irmãos que a
indústria do carvão causa danos ao nosso meio ambiente" e que "é
necessário atuar agora" explicou o ativista, apelando ao uso de renováveis
como sucede em Tokelau, um território no Oceano Pacífico admnistrado pela Nova
Zelândia, que figura no topo mundial da utilização destas energias,
especialmente da solar.
A
Austrália é um dos maiores poluidores per capita do mundo e a política
ambiental de Camberra foi já criticada or várias vezes, nomeadamente pela
secretária da ONU para as Alterações Climáticas, Christiana Figueres.
O
primeiro-ministro australiano, o conservador Tony Abbott, disse, esta semana,
que a indústria do carvão "é o grande futuro, tal como foi o grande
passado", antecipando que se tornará na principal fonte de energia nas
próximas décadas.
O
Governo de Abbott eliminou o imposto sobre a emissão de gases com efeito de
estufa e ainda não definiu o seu objetivo para o uso de energias renováveis no
país, enquanto se nega a incluir a discussão sobre as alterações climáticas na
cimeira de líderes do G20, a ter lugar, em novembro, na cidade de Brisbane.
DM - Lusa
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