Hong
Kong, China, 16 out (Lusa) - Um grupo de jornalistas da estação televisiva de
Hong Kong TVB acusou a direção de informação de alterar o vídeo que captou a
agressão da polícia a um manifestante, Ken Tsang, "deturpando a
verdade".
Numa
carta aberta, a redação do canal da TVB em língua chinesa dá conta de uma
alteração, que considera significativa, ao guião original que acompanhava as
imagens do membro do Partido Cívico Ken Tsang a ser agredido por um grupo de
seis polícias.
Segundo
os jornalistas, o vídeo vinha originalmente acompanhado de uma descrição do que
era visto nas imagens. No entanto, quando foi emitido, às 07:00 de quarta-feira
(00:00 em Lisboa), foi retirada a frase "os agentes levaram-no para um
canto escuro em Tamar Park ,
deitaram-no no chão e começaram a esmurrá-lo e pontapeá-lo. Durante esse
período, dois agentes abandonaram o local mas os restantes continuaram a
pontapear o homem".
Sem
esta descrição, o guião indicava apenas que um manifestante de mãos atadas
tinha sido levado pela polícia.
Só
ao meio-dia (05:00 em Lisboa) é que a estação acrescentou uma nova frase ao
guião, indicando que durante o período em que o homem foi levado pela polícia:
"suspeita-se que os agentes tenham recorrido à força".
"Acreditamos
que a nossa peça antes das 07:00 era neutra e oferecia uma descrição objetiva
do que aconteceu. Não podemos aceitar que tenha levado cinco horas para que uma
frase extra fosse acrescentada para descrever o que se passou", dizem os
jornalistas.
A
redação considera que retirar as frases em questão "tornou a peça
incompleta" e resultou numa "versão deturpada da verdade".
"Deixou-nos
muito inquietos e em total discordância com a empresa", afirmam os
jornalistas na carta aberta.
A
carta termina com um apelo à emissora para que permita que os jornalistas
"relatem os factos com independência, sem obstruções à verdade".
A
redação do canal em inglês da TVB já divulgou também uma carta onde manifesta a
sua solidariedade com os colegas do canal em chinês.
Segundo
a BBC, o diretor de informação da TVB, Keith Yuen, defendeu a decisão da
estação televisiva de remover a informação em causa, alegando que o incidente
estava ainda sujeito a investigação policial.
ISG
// JMR - Lusa
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