O
Japão e os EUA irão realizar grandes exercícios militares navais que incluirão
desembarque e conquista de ilhas. Essas manobras serão realizadas entre 8 e 19
de novembro nas águas a sudoeste do Japão. Tendo em conta a acesa disputa entre
a China e o Japão em torno das ilhas no mar da China Oriental, os exercícios
Keen Sword (Espada Afiada) têm um subentendido declaradamente antichinês,
considera o primeiro vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos
Konstantin Sivkov.
As
manobras japoneso-americanas com esse tipo de cenário já são as segundas em
menos de um ano e meio. As primeiras decorreram no início de junho do ano
passado na costa dos EUA. Nessa altura, lá se encontrava de visita o presidente
da República Popular da China Xi Jinping. Os próximos exercícios, que contarão
com a participação de mais de 40 mil militares, 25 navios e 260 aviões, irão
coincidir no tempo com a realização em Xangai da cúpula da Cooperação Econômica
Ásia-Pacífico (APEC).
No
ano passado a China solicitou o cancelamento dos exercícios, considerando-os
como mais uma provocação. Nessa altura Washington e Tóquio não tomaram em
consideração a posição da China. Mais do que isso – eles não tiraram conclusões
para o futuro. Neste momento está sendo realizada uma nova pressão
político-militar sobre a China, considera Konstantin Sivkov:
“Estes
exercícios têm uma dupla carga. Por um lado, são treinadas ações conjuntas de
conquista de ilhas através de uma operação de desembarque aeronaval. O segundo
aspecto é a demonstração à China da determinação dos EUA em agir em conjunto
com o Japão na defesa das ilhas em disputa, se a China tentar conquistá-las ao
Japão. O mais provável é a China responder com uma nota diplomática declarando
sua soberania sobre as ilhas. Na área dos exercícios poderão aparecer vários
navios chineses para mostrar a bandeira e realizar operações de
reconhecimento.”
A
espionagem está sendo um dos principais argumentos na escalada da guerra de
nervos nessa região. No dia 22 de outubro, o jornal japonês Asahi anunciou que
o Japão e os EUA irão realizar vigilância conjunta sobre a China a partir do
espaço para responder a seus possíveis ataques militares. A publicação cita as
palavras do vice-secretário de Estado adjunto dos EUA para a política de defesa
e operações de verificação Frank Rose. Esse funcionário expressou as
preocupações com as crescentes capacidades militares da China, especialmente
depois do teste em julho de um míssil antissatélite.
Tendo
como pano de fundo o aumento de uma confrontação militar na região, no dia 21
de outubro teve início a montagem do segundo radar das forças de defesa
antimísseis na base militar de transmissões dos EUA Kyogamisaki, na cidade
japonesa de Kyotango, na costa do mar do Japão. O radar começará a funcionar
até ao fim do corrente ano.
Este
é um novo elemento da defesa antimísseis dos EUA na Ásia. O Pentágono está
montando um “arco antimísseis” do Alasca até à Austrália, passando pelo Japão,
pela Coreia do Sul e por Taiwan, para contenção da China, considera o diretor
do Centro de Pesquisa em Políticas Públicas Vladimir Evseev. A China irá
reagir de forma sensível à instalação de infraestruturas desse tipo, considera
o perito:
A
China será obrigada a aumentar seu potencial nuclear – seus mísseis de longo alcance.
Entretanto, o que preocupa a China não é apenas o radar, este apenas observa. O
mais preocupante é o sistema de ataque da defesa antimísseis. Este está
sobretudo representado pela sua componente naval, que são os contratorpedeiros
com o sistema antimísseis Aegis.
O
Japão e a Coreia do Sul têm navios desses e estão sendo construídos navios
desses para a Austrália. Eles são capazes de interceptar mísseis balísticos
chineses a altitudes até 250 quilômetros. Isso preocupa seriamente a China. A
sua possível resposta será o aumento do número de sistemas móveis de mísseis e
a transferência dos silos de lançamento para o interior do continente à medida
que vá aumentando seu arsenal de mísseis balísticos intercontinentais. Isso
excluirá a possibilidade de sua interceptação ao longo da trajetória ativa.
Em
agosto de 2013 surgiram informações que a Agência de Defesa contra Mísseis dos
EUA está analisando a possibilidade de instalar um terceiro radar no Sudeste
Asiático. Ele permitirá seguir com maior precisão os lançamentos de mísseis
balísticos chineses. Não é de excluir que o local para a instalação do terceiro
radar seja nas Filipinas.
Foto: AP/Koji Sasahara
Natalia Kasho – Voz da
Rússia
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