quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Protestos em Hong Kong: Autoridades preparam ação nos locais ocupados




Oficiais de justiça, assistidos por polícias, preparam-se para agir no sentido de dispersar os acampamentos de manifestantes instalados na sequência dos protestos pró-democracia em Hong Kong, sob ordem judicial, advertiu hoje o Governo.

A número dois do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, disse hoje que não havia "mais espaço para negociação" entre as autoridades e os manifestantes e apelou aos contestatários para abandonarem os locais de protesto que ocupam há mais de seis semanas na antiga colónia britânica, no âmbito da aplicação de uma decisão da justiça que autoriza os oficiais a chamarem a polícia se as ordens de despejo não forem respeitadas.

"A polícia vai ficar em contacto com os requerentes" que obtiveram as ordens de expulsão "e os oficiais", afirmou Carrie Lam, garantindo: "Estamos a preparar-nos para agir. Penso que em breve, a polícia vai falar com as partes envolvidas".

Carrie Lam não precisou as ações que poderão ser realizadas nem deu uma data para que as mesmas sejam levadas a cabo.

A polícia também se escusou a fazer qualquer comentário sobre o assunto.

Os manifestantes, que reclamam a introdução do sufrágio universal pleno, iniciaram uma campanha de desobediência civil a 28 de setembro passado.

O número de pessoas acampadas diminuiu nas últimas semanas, mas os manifestantes continuam a ocupar três locais de protesto em Hong Kong, com perturbações ao normal funcionamento da cidade, nomeadamente nos transportes públicos.

"Apelo veementemente aos manifestantes que estão nos locais ocupados (...) para que saíam de forma voluntária e pacificamente, o mais depressa possível", prosseguiu a Carrie Lam.

Diferentes proprietários ou transportadores obtiveram dos tribunais ordens de despejo em várias estradas ocupadas em Admiralty, perto da sede do Governo, e em Mong Kong, na Península de Kowloon.

O Supremo Tribunal autorizou na segunda-feira os polícias a ajudarem os oficiais de justiça a executarem as ordens.

"Qualquer agente da polícia está autorizado a prender ou expulsar qualquer pessoa suspeita de impedir que um oficial de justiça cumpra a sua missão", indicou o Supremo Tribunal.

As conversações entre os manifestantes e o executivo de Hong Kong revelaram-se infrutíferas. Nos últimos dias, os estudantes têm pedido para falar diretamente com Pequim, mas o Governo central mantém o apoio ao Governo local, liderado por Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung.

Carrie Lam disse hoje que "não havia necessidade" de os líderes dos estudantes irem a Pequim se o seu objetivo é repetir as reivindicações.

A 'número dois' do Governo de CY Leung acusou ainda os estudantes de não demonstrarem "sinceridade", após as negociações com o executivo de Hong Kong.

Hong Kong é uma Região Administrativa Especial chinesa com elevado grau de autonomia, à semelhança de Macau.

A antiga colónia britânica vive a mais grave crise política desde a transição de soberania para Pequim, em 1997.

Pequim aprovou o princípio "uma voz, um voto", mas reserva a um comité eleitoral, maioritariamente favorável ao Partido Comunista chinês a pré-seleção dos candidatos, condições julgadas inaceitáveis pelo movimento pró-democracia.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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