Um
grupo de sete marinheiros guineenses foram abandonados há mais de um ano por
uma companhia da pesca espanhola “Global Pesca”, desde Setembro de 2013. O
grupo de marinheiros nacionais se encontra neste momento em Luba, a terceira
maior cidade da Guiné-Equatorial, onde praticam todo tipo de trabalho para
garantir a sobrevivência diária.
Graças
à cotização dos colegas associada ao apoio de um cidadão nacional residente em
Malabo (capital do país), um dos elementos do grupo, Ibibamen Boassy conseguiu
viajar para Bissau. De acordo com a nossa fonte, os sete marinheiros, foram
recrutados em Bissau pela empresa espanhola.
Três
dos sete elementos, nomeadamente Ibibamen Boassy, Baio Seidi e Tiba Foam Na
Tchanda, chegaram ao país de Teodoro Obiang Nguema depois de terem viajado de
avião até Joanesburgo (África de Sul) . Da capital sul africana foram
embarcados por um navio da companhia espanhola com qual tinham contrato de
trabalho.
Os
restantes jovens, Malam Dabó, Malam N´Tchasso, Celso António dos Santos e
Ibraima Djassi, explica a nossa fonte, viajaram da cidade cabo-verdiana de São
Vicente até à República de São Tomé e Principe onde inciaram o trabalho no
barco espanhol com rotação para Malabo.
De
acordo com a fonte d’O Democrata, os marinheiros guineenses trabalharam durante
um ano e recebiam regularmente os seus salários. No entanto, durante o segundo
semestre de 2013, o grupo começou a deparar com algumas dificuldades de
pagamento de salários.
“Um dia de regresso do alto mar rumo ao porto de Malabo, o nosso capitão recebeu um telefonema a informar que devíamos nos atracar no porto da terceira cidade do país. Soubemos depois que afinal havia um diferendo entre as autoridades Equato-guineenses que eram acionistas daquela companhia espanhola. Segundo as informações que recebemos, as autoridades da Guiné-Equatorial acusaram os espanhóis de desvio de fundo pelo que decidiram rescindir o acordo de pesca e o nosso barco suspenso de exercer actividades de pesca. Na sequência da decisão, os espanhóis resolveram sair daquele país e nos abandonaram no barco sem nada e nem se quer pagaram o nosso salário”, explicou o marinheiro com lágrimas no rosto.
O
marinheiro que se encontra no país desde fim-de-semana passada contou que ele e
seus colegas estão em grandes dificuldades. Aproveitou o nosso semanário para
apelar as autoridades nacionais no sentido de envidar esforços para retirar os
seus colegas da Guiné-Equatorial bem como exigir a companhia espanhola que lhes
pague os seus respectivos salários em dívida.
“Os
meus colegas decidiram ajudar-me a voltar ao país, porque estou a enfrentar
problemas familiares graves ligados às cerimónias tradicionais que tenho que
fazer urgentemente. A minha mãe e a minha irmã perderam a vida por causa
daquela cerimónia, por isso os meus colegas decidiram sofrer e cada qual tirou
um pouco que ganhava do trabalho de dia-a-dia para a compra do bilhete de avião
até Dakar, dali segui a viagem através de viatura”, disse.
Ibibamen
Boassy informou que a falta de uma representação diplomática guineense naquele
país da África Central está a dificultar os cidadãos nacionais que ali vivem.
Contou ainda que um médico guineense que faz o seu trabalho particular em
Malabo, tenta apoiar e resolver os problemas dos guineenses junto das
autoridades daquele país.
“O Augusto Gomes Baldé está ajudar os guineenses naquele país, mas as vezes enfrenta grandes dificuldades, porque não está credenciado pelas autoridades da Guiné-Bissau para as representar. Quando o Presidente José Mário Vaz participou na Cimeira da União Africana tentou entrar em contacto com o Presidente, mas infelizmente não conseguiu. O Dr. Augusto ofereceu o seu dinheiro para que eu possa pagar o bilhete, porque o dinheiro que recebi dos meus colegas não chegava e foi ele quem me ofereceu 150 mil francos cfa”, explicou.
MARINHEIROS
INSATISFEITOS COM O COMPORTAMENTO DE JOMAV
Os sete marinheiros nacionais estão insatisfeitos com a atitude do Presidente da República, José Mário Vaz, que segundo eles, não tomou nenhuma iniciativa de lhes ajudar, aquando da sua estada na Guiné-Equatrial, durante a Cimeira da União Africana em Julho último. Os marinheiros alegam que receberam a informação que o Chefe de Estado já sabia dos seus problemas e que faria tudo para os tirar daquele país, antiga colónia espanhola, recentemente admitido membro de pleno direito da CPLP.
Ainda
de acordo com os marinheiros, o chefe de Estado não fora lhes visitar por se
encontrarem em Luba, terceira cidade do país. Contaram ainda ao nosso jornal
que o Chefe de Estado, enviou uma equipa composta apenas por personalidades
Equato-guineenses para lhes visitar. Segundo os marinheiros, nenhum guineense
fazia parte da comitiva enviada pelo Chefe de Estado.
“Sentimo-nos
muito chocados com a atitude do Presidente, porque entendemos que se um
guineense tivesse tomado parte naquela comitiva que nos visitou, talvez aquela
pessoa saberia transmitir de uma forma clara a nossa situação ao Chefe de
Estado. Entendemos que ele nos ignorou simplesmente da mesma forma que o
governo nos ignorou. Devem nos ajudar, porque somos guineenses. Chegamos àquela
situação, porque não há emprego no nosso país; foi isso que aconteceu
simplesmente”, lamentou.
A
companhia Global Pesca, de acordo com as nossas informações, é uma sociedade
que conta com as acções de um grupo de altos responsáveis Equato-guineenses e
Espanhóis. O armador da embarcação em que trabalhavam os sete marinheiros
guineenses é da nacionalidade espanhola de nome Alfonso Carneiro.
Assana
Sambú – O Democrata (gb)
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