Granadeiro
sob pressão
Filipe
Paiva Cardoso – jornal i
Opção
da PT de ajudar GES pode implicar que, a troco de todos os activos portugueses
da PT, accionistas lusos fiquem com 5,7% da Oi
"Vivemos
um momento mágico da relação entre Portugal e o Brasil", comentou ontem
Mário Vilalva, embaixador brasileiro em Portugal. Mas nem
todos pensarão assim, sobretudo nas telecomunicações e nas instituições
públicas brasileiras.
Ontem
foi a vez do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento, detido pelo Estado
brasileiro, vir a público criticar a Portugal Telecom e os empréstimos de 900
milhões de euros à família Espírito Santo. Para o BNDES, estas foram
"operações inconsistentes com padrões mínimos de boa governança
governativa". O BNDES é accionista da Telemar Participações, outra das
empresas envolvidas na absorção dos activos portugueses da PT pela operadora
brasileira Oi. Em comunicado, o banco estatal salientou a respeito das
"aplicações daquela empresa [PT] em títulos de subsidiária do Grupo
Espírito Santo", que não só violam os padrões mínimos de boa governança,
como irá solicitar "informações detalhadas sobre a referida
aplicação", sublinhando que "não considera nenhuma alternativa que
não seja a preservação dos interesses dos accionistas da Oi S/A, ao mesmo tempo
que renova a sua confiança na actual gestão da companhia".
A
decisão da administração da Portugal Telecom de ceder 900 milhões de euros a
curto prazo à família Espírito Santo foi tomada sem o consentimento dos
accionistas da Oi, que não foram sequer informados posteriormente nos vários
documentos trocados entre Lisboa e o Rio de Janeiro sobre a fusão actualmente
em curso das duas operadoras.
Além
da absorção da Portugal Telecom pela Oi estar a começar com dois pés esquerdos,
há ainda que contar com o incumprimento da família Espírito Santo em pagar o
que deve à Portugal Telecom - algo que os analistas dão como praticamente
certo. A empresa liderada por Henrique Granadeiro terá que absorver perdas de
quase 900 milhões de euros e, assim, fará com que os seus accionistas fiquem
com uma fatia ainda mais pequena da operadora brasileira que absorveu todos os
activos portugueses da Portugal Telecom, transferindo o centro de decisões do
Meo para o Rio de Janeiro.
NEM
6% DA SUPER-OPERADORA
A operação de integração dos activos da Portugal
Telecom na Oi foi vendida como uma decisão que visava criar uma
"mega-operadora luso-brasileira". Porém, se já nos moldes iniciais
este rótulo é discutível, o contágio da família Espírito Santo à Portugal
Telecom pode reduzir ao ridículo a presença portuguesa na "mega-operadora
luso-brasileira". É que segundo contas da agência Estado, através da
Broadcast, o eventual calote de Ricardo Salgado e da restante família Espírito
Santo poderá levar a uma reavaliação dos activos da Portugal Telecom e, logo,
reduzir a sua participação na Oi. A PT, que negociou 38% da Oi a troco de todos
os seus activos, poderá agora ficar com apenas 20% da Oi. Isto implica que os
accionistas portugueses da PT, que iriam ter um peso de 10,7% na Oi - porque
detêm 38% da PT -, poderão agora ficar a reduzidos a metade: 5,7% da Oi.
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